Sempre que possível gosto de pesquisar no spotify lançamentos em gêneros diversos da música brasileira e do mundo. Nessa tarde de domingo, dia 22 de outubro, descobri e escutei mais de uma vez a música ‘Pra Sempre’, novo single do paraibano de Campina Grande, Luis Kiari. Quando escuto uma música inteira, ainda coloco no repeat, é porque ela me acessou. Gostei da sonoridade, harmonia e da história da canção que foi feita em homenagem a esposa de Kiari e cantada no dia do casamento. Tenho meu lado romântico e gostei muito disso.
Kiari diz que ‘Pra Sempre’ fala da eternidade dos momentos, do ser morada sem o medo da despedida e aceitar o outro com todas as suas limitações, perdoando, construindo e cultivando a relação de uma maneira tão necessária quanto batalhar o pão de cada dia.
A ideia de eternidade dos momentos sugere que devemos valorizar cada instante da vida como algo precioso e único. Muitas vezes, nos perdemos na rotina e nos esquecemos de apreciar os pequenos momentos que, juntos, formam a tapeçaria de nossas vidas.
Já o conceito de ser morada sem o medo da despedida pode ser interpretado como criar relações profundas e significativas sem a constante preocupação com o fim. Isso implica em viver o presente nas relações, sem deixar que o temor do adeus prejudique a qualidade do momento compartilhado.
E sobre aceitar o(a) outro(a) com todas as suas limitações? Aceitar o outro integralmente, com todas as suas falhas e limitações, é uma demonstração de compaixão e amor verdadeiro. Isso envolve compreender que todos têm imperfeições, e ainda assim, escolher amar e apoiar.
Outro ponto crucial nas relações humanas sejam elas amorosas, familiares ou de amizade é o exercício do perdão. Uma peça fundamental nas relações duradouras. Perdoar não significa esquecer, mas sim libertar-se do peso do ressentimento. Construir e cultivar uma relação requer esforço mútuo, comunicação aberta e a disposição para evolução e crescimento junto.
Por fim, Kiari diz que tudo isso é “tão necessário quanto batalhar o pão de cada dia”. Essa comparação sugere que a construção e manutenção de relacionamentos significativos são tão essenciais quanto as lutas diárias pela subsistência. Isso destaca a importância de investir tempo e energia nas relações interpessoais.
Essa canção, portanto, me levou à reflexão um pouco filosófica da vida, espiritualidade numa abordagem, de certa forma, contemplativa. Esses princípios me inspiram para um olhar consciente da vida e das relações interpessoais, buscando uma conexão mais profunda e significativa com o mundo ao redor.
Descobri Luis Kiari sendo apresentado por Maria Gadú, acho que na primeira vez que Gadú cantou em João Pessoa, no Teatro de Arena da Fundação Espaço Cultural, numa realização do meu amigo produtor cultural, Gustavo Marques. O show foi tão concorrido que teve até arenga, bem dizer no pé do palco, numa disputa por um canto pra sentar na frente(rs). O moído foi bem na hora que eu subi no palco para anunciar o show da cantora. Não teve quem acalmasse as moças que disputavam lugar frontal. Naquele tumulto, eu só ouvia a voz de Guga soprando lá de trás do palco pra mim: chama, chama, chama… Foi o que fiz. Quando o show começou a moçada deu um jeito de se acomodar sentada até no chão. Lá pela metade do espetáculo Maria Gadú chamou ao palco, meio que apresentando à Paraíba, Luis Kiari. Foi uma grata descoberta à época, pelo menos pra mim.
Mas, voltando pra música nova – “Pra Sempre” é o segundo single do EP que será lançado no fim do ano pelo paraibano de Campina Grande.
Sobre Luis Kiari ( por Dani Ribeiro da Tempero Cultural/SP):
O envolvimento de Kiari com a música começou na infância, em Campina Grande, no estado da Paraíba, ao ouvir o pai cantarolando versos de Maurício Reis, Altemar Dutra, Agnaldo Timóteo, Nelson Gonçalves, entre outros, enquanto o acompanhava no trabalho rural. Na adolescência teve seu primeiro contato direto com a música por meio dos instrumentos tocados pelos três irmãos cegos, que então estudavam na capital paraibana. Foi nesta época que Kiari aprendeu a tocar violão e começou a ter acesso aos primeiros CDs de música popular brasileira, trazidos pelos irmãos.
Aos 19 anos desembarcou no Rio de Janeiro e intensificou seu envolvimento com a música dando aulas de violão por indicação de amigos da igreja que frequentava. Através destes amigos conheceu aqueles que hoje são seus principais parceiros de composição como Caio Sóh, Gugu Peixoto e Fred Somer. A difícil adaptação do menino do interior do nordeste à realidade de uma grande cidade e a angústia silenciosa deste choque cultural transformaram-se na primeira composição do artista, em 2004, chamada “Terra Ardente”. A partir daí não parou mais. Em 2006 Kiari formou-se em Produção Fonográfica e ampliou seu interesse pelas palavras e por filosofia, frequentando o curso de Literatura da UFRJ como ouvinte.
Foi nesta época que conheceu Caio Sóh, que abriu a varanda de seu apartamento no Recreio dos Bandeirantes para encontros de música e poesia com jovens artistas de várias partes do Brasil. Destes encontros nasceram “Os Varandistas”, que chegaram aos palcos da MPB em 2010. Foi durante estes encontros que Kiari conheceu a jovem cantora Maria Gadú, que gravou em 2009, em seu CD de estreia, a canção Linda Rosa, composição de Luis Kiari e Gugu Peixoto, e que foi escolhida como parte da trilha sonora da novela Cama de Gato, da Rede Globo. Com Gadú, Kiari tocou em casas como o HSBC e Credicard Hall (SP), Vivo Rio e Teatro Rival (RJ), e participou da gravação do primeiro CD/ DVD da amiga, onde fez um dueto com sua canção “Quando Fui Chuva”, composta em parceria com Caio Sóh.
SobreTudo - Por Edileide Vilaça
Tem mestrado em Jornalismo, especialização em Linguística e graduada em Comunicação Social, todos pela UFPB. Acumula mais de 30 anos de experiência em assessorias parlamentares, produção cultural, em rádios e TVs da Paraíba. Idealizadora da ONG Casa Formosa(Baía Formosa/RN). Acadëmica de Direito. Editora do Diário de Vanguarda.