Preâmbulo: Uma empreendedora de Salvador resolveu aproveitar o burburinho gerado pelo filme “Barbie”, e criou um acarajé rosa. O lançamento, porém, foi alvo de críticas e gerou polêmica nas redes.A professora da UFBA Bárbara Carine, gravou vídeo detonando, sem arrodeios e nem meias palavras, a invenção que, segundo ela, desconstrói especificidades invioláveis do Acarajé que é preservado como Patrimônio Cultural e Imaterial.
Pra começar, é deveras importante, primeiramente, apresentar quem é a personagem nas redes sociais intitulada @uma_intelectual_diferentona.
Bárbara Carine é uma mulher negra, professora, escritora, empresária, mãe, doutora em química, diretora e idealizadora da Escola afro-brasileira Maria Felipa, escritora (finalista Jabuti 2021/2022) e se autodenomina “@uma_intelectual_diferentona”.
Criada na Fazenda Grande do Retiro (Salvador-BA), e filha de ex-empregada doméstica, Bárbara Carine mostra que temos potências pretas na periferia.
Em entrevista ao O Instituto Cultural Steve Biko, Bárbara diz:
“O diferentona nasce porque eu não abro mão de ser quem eu sou para performar academicamente dentro do escopo do que a universidade julga ser uma pesquisadora respeitável, como no modo de falar, de vestir e até nas minhas bases culturais, como o pagode, que eu adoro”, destaca a pesquisadora.
Sobre o polêmico “Acarajé rosa”, Bárbara utilizou suas redes sociais para criticar duramente a inciativa de uma empresária do acarajé, uma mulher socialmente branca que decidiu fazer um acarajé rosa em Salvador, em homenagem ao filme da Barbie. A ‘intelectual diferentona’, com muita propriedade, dá uma aula sobre os fundamentos e preceitos que estão enraizados na cultura e tradição africana.
“As mulheres negras, que estão na base produtiva do acarajé secularmente, utilizavam a venda do acarajé para comprar alforrias dos seus companheiros e companheiras, bem como garantir a manutenção familiar, tanto da família do axé quanto das suas famílias basilares. Não é correto fazer acarajé da Barbie.” VEJA VÍDEO ABAIXO:
E aqui, neste espaço, me acosto ao comentário do Instituto Luiz Gama – Associação Civil que atua na defesa das minorias e dos direitos humanos,
“Discernimento, pessoal. Zero problema em aderir ao hype da Barbie, assistir ao filme, se vestir de rosa dos pés à cabeça. Mas é preciso discernimento para não desrespeitar nossa tradição e nossos bens culturais. Como, por exemplo, mudar o processo de produção do acarajé, que é patrimônio cultural imaterial brasileiro. “Não é correto”, ensina a professora da UFBA Bárbara Carine (@uma_intelectual_diferentona)”.
Ah, só um adendo, quero dizer que amo acarajé, do jeito que ele é. Aqui em João Pessoa, minha amiga Fatinha Amaral outro dia me levou pra experimentar o acarajé do baiano legítimo do Bistrô da Matta, no Bessa. Desde então, toda vez que bate aquela vontade do acarajé legitimo da Bahia, me deleito por lá. Detalhe: isso não é publi, nem parceria. Sempre pago a conta e volto pra casa feliz e satisfeita, com a sensação que alimentei meu “santo”.
Axé!
SobreTudo - Por Edileide Vilaça
Tem mestrado em Jornalismo, especialização em Linguística e graduada em Comunicação Social, todos pela UFPB. Acumula mais de 30 anos de experiência em assessorias parlamentares, produção cultural, em rádios e TVs da Paraíba. Idealizadora da ONG Casa Formosa(Baía Formosa/RN). Acadëmica de Direito. Editora do Diário de Vanguarda.