Tive a alegria de conversar com um amigo querido e mestre do jornalismo paraibano: Rubens Nóbrega. O papo foi daqueles regados a risos, lembranças e, claro, as músicas que embalam a sua história — e que não faltam em suas memórias.

Falamos principalmente sobre o lançamento do seu quarto livro, Memórias do Batente, uma obra que resume seus 51 anos de ofício como repórter, editor, colunista, redator — e tudo mais que coube em meio século de paixão pela notícia. O lançamento será na próxima segunda-feira, 2 de junho, com um “café com autógrafos”, como ele mesmo define, no restaurante Cannele, no bairro da Torre, das 7h30 às 10h30.

O livro é dividido em três capítulos — Trajetórias, Tragédias e Derivas — e reúne episódios marcantes da vida profissional de Rubens, sempre conectando a experiência pessoal com o mundo ao redor. “São episódios da minha vida de jornalista e a conexão com o mundo real”, ele resume.

Perguntei se o livro conta tudo mesmo. E ele, com a sinceridade que o caracteriza, respondeu: “Você pode contar muita coisa, mas não pode contar tudo que aconteceu.” Algumas histórias ficaram de fora, principalmente aquelas que envolvem personagens que já se foram e não teriam como dar sua versão — uma escolha ética, como tantas outras que marcam sua carreira.

Rubens viveu de perto a transição do jornalismo impresso para o digital e sabe como poucos avaliar esse processo. “Tem um percentual bom de jornalismo, mas também tem um turbilhão de desinformação”, comentou. “O acesso à informação aumentou, mas junto veio uma avalanche de distorções e preconceitos, num espaço sem regulação mínima.”

Hoje, seu foco está na observação crítica. Rubão no Observatório de Jornalismo da Paraíba e também no projeto Alumia, um laboratório da UFPB dedicado ao combate à desinformação, ao lado de jornalistas, professores e estudantes.

Rubens observa que o poder das grandes organizações de mídia já não é o mesmo. “As redes sociais têm uma audiência que impacta. A força da opinião das grandes organizações está atenuada. Por isso, a apuração jornalística precisa ser ainda mais vigilante”, alerta.

A conversa vai ao ar nesta sexta-feira (27), às 8h30, na Rádio Câmara JP (FM 88,7), com reprises no fim de semana, sábado e domingo ao meio-dia. Também estará disponível nas plataformas de streaming, no podcast Acervo 88.

É sempre bom ouvir quem viu tanto, viveu tanto — e ainda observa com lucidez o que está por vir.