Foto: Usina Energisa/Divulgação

Faz apenas alguns dias que a Usina Energisa celebrou seus 20 anos de existência. O equipamento cultural, singular em diversos aspectos, é um dos mais relevantes do Estado da Paraíba. Juntamente com o Centro Cultural do Banco do Nordeste (Sousa), a Usina Energisa tem esse caráter raro de ser mantido e gerido por uma empresa privada, porém, com uma vasta oferta de atividades para o público em geral, boa parte delas de forma gratuita.

A Usina Energisa tem também uma relevância histórica inegável e a manutenção da sua infraestrutura é algo absolutamente imprescindível, se é que queremos contar às futuras gerações como era a João Pessoa de antigamente. Ali mesmo, a poucos metros do busto de Epitácio Pessoa, era a garagem dos bondes que conectavam o Centro às praias. Essa modernidade de mobilidade de então, e que hoje faz tanta falta, povoou de histórias as memórias de milhares de pessoenses que, antigamente, desciam a avenida para veraneio. Esse mesmo bonde fez a mágica de unir duas partes da cidade e foi testemunha da expansão urbanística da capital, que virou suas costas ao rio e foi se espraiando sobre a orla.

Depois que acabou o trem, a Usina tornou-se sede da ETL, empresa de geração de energia elétrica, anos depois rebatizada de CAELPA. Suas paredes e prédios viram o século XX transformar a cara de João Pessoa e acabaram por se tornar patrimônio da Energisa quando terminou a longa e atribulada privatização da CAELPA.

Patrimônio histórico tombado já nos anos 2000, a Usina acabou por se converter num importante espaço cultural para a cidade de João Pessoa em 2003. Numa cidade onde a Prefeitura não tem uma única sala de cinema, sequer um teatro para chamar de seu ou mesmo um mero museu, a Usina assumiu muitas vezes o papel de abrir as suas portas para importantes eventos culturais da cidade, suprindo uma lacuna que, até hoje, é uma negligência aberrante da Prefeitura.

Por outro lado, a Usina simboliza uma ação que deveria dar o tom para as empresas privadas do Estado. Grandes, médias e até pequenas empresas precisam entender o seu importante papel para o desenvolvimento de uma sociedade mais justa. Cumprir os ODSs não pode ser só mais uma coisa vã, é uma necessidade imperativa e que vai significar se as marcas vão existir no futuro ou não. O vértice entre Estado-Nação, sociedade civil e empresas privadas é, cada vez mais, um desafio que deve ser cumprindo a muitas mãos, não se podendo conceber uma sociedade mais justa, equânime e saudável sem que estes três eixos comuniquem entre si e tentem colmatar as falhas cotidianas.

Por isso, longa vida à Usina Energisa, que é um espaço democrático e de lazer que supre uma lacuna do poder público e que devolve um direito constitucional aos cidadãos pessoenses. Que venham mais 100 anos de celebrações!