O turismo voltou com tudo em 2024. De acordo com a Organização Mundial do Turismo (OMT), a quantidade de visitantes internacionais alcançou no ano passado níveis superiores àqueles registrados em 2019, antes da pandemia, em que quase 1,4 bilhão de turistas viajaram pelo mundo. É verdade que o turismo está retomando com força após o período da pandemia, até porque havia uma demanda reprimida. Mas, embora haja quem pense que o Brasil está bem na foto quando o assunto é este, a coisa não é bem assim.

A industrialização e o desenvolvimento social e econômico das nações têm relação direta com o turismo. Se os alemães são campeões como turistas visitantes, a França é o país mais visitado e responde sozinha por 7% do turismo receptivo mundial (turismo de chegada). O país do Louvre e da Torre Eiffel é o mais procurado, sobretudo por europeus, americanos, e agora, chineses. Outras nações europeias são também muito visitadas por estrangeiros, o que se deve principalmente à proximidade geográfica entre elas, pois quanto menores os custos de viagem, mais atraentes se tornam os destinos. Além dos atrativos de caráter histórico e de belezas naturais, a proximidade geográfica é sem dúvida um fator que faz a França, Espanha, Itália, Alemanha e Reino Unido estarem sempre entre os 10 primeiros países no ranking do turismo internacional.

Quanto ao Brasil, este não figura na lista dos 45 primeiros do turismo internacional, mas isso não é nenhuma novidade. Nunca ficamos entre os 40 primeiros, nem mesmo no ano da Copa do Mundo. Sempre estivemos oscilando entre a posição 45 e 55 e nada aponta para uma mudança de perspectiva nesse sentido no curto prazo. O ano que recebemos mais turistas foi 2024 (6,6 milhões) e isso nos colocou apenas na posição 48, à frente do Camboja, na posição 49, e atrás de Argentina e República Dominicana e que corresponde apenas a 0,5% do fluxo turístico internacional. O Brasil recebe menos de 10% do número de turistas que visitam a França anualmente e precisaria de maiores atrativos para fazer um japonês, um indiano, um coreano ou um chinês, por exemplo, investir num pacote turístico para nos visitar. O número de turistas desses países no Brasil é insignificante se considerarmos sua presença na Europa em alta temporada. E, se algum país pretende se destacar neste setor daqui pra frente tem de atrair justamente o turista asiático, que são os mais numerosos e, somados, aqueles que mais viajam para o exterior hoje.

De forte apelo turístico internacional o Brasil tem apenas a cidade do Rio de Janeiro (nosso cartão postal) e as Cataratas de Foz do Iguaçu, cujo fluxo turístico compartilhamos com a Argentina e o Paraguai. Sem mais atrações exclusivas e muito distante dos grandes centros econômicos mundiais, o Brasil dificilmente figurará entre os 20+ do turismo internacional um dia. Um canadense ou um estadunidense não virá ao Brasil tendo como opção mais viável as ilhas do Caribe e as praias mexicanas, mais próximas, com mais voos semanais e melhor estrutura hoteleira. Para piorar nosso quadro, o Brasil se encontra entre os 15 países mais violentos do mundo já há alguns anos e isso afasta aquele turista mais preocupado com seu bem estar, como o japonês, por exemplo. Sem falar da propaganda negativa que a violência faz ecoar lá fora, desestimulando novos potenciais visitantes. A redução da violência com certeza impactaria positivamente no número de visitantes estrangeiros no país.

Hoje o Brasil está na lanterna no ranking dos 45 países mais visitados do mundo e, sem a unicidade de grandes atrativos naturais e estrutura que possam competir com o que há de melhor em matéria de turismo em nível mundial, nos resta incrementar e incentivar o turismo interno que também é importante e faz movimentar a economia. Contudo, este segmento também é prejudicado pelo baixo poder aquisitivo da maioria de nossa população. O brasileiro, em geral, não conhece seu país e a causa é econômica; por outro lado, muitos estrangeiros deixam de visitar o Brasil em função da insegurança. Fato.