Estou há alguns dias ausente de alguns espaços e rareando o balanço nas redes sociais. Aliás, ausente de quase tudo que de fato gostaria, mas bem presente no compasso do ritmo frenético e alucinante que a vida impõe a quem precisa se virar pra ganhar a bolacha diet de cada dia. Sim, porque o pão há muito que foi abolido por causa de outra *imposição;* mas, essa, não da vida e sim das pessoas que adoram estereotipar as outras e encaçapá-las em buracos de categorias massacrantes e descabidas. Se bem que não comecei a escrever para divagar sobre isso e sim sobre a ausência com a qual eu gostaria de presentear a mim mesma.

É que, de vez em quando, eu gostaria de dar uma fugidinha de mim. Dar um passeio em volta para saber, ou entender por outro ângulo, coisas que não consigo perceber por estar tão entranhada em mim mesma. Por exemplo: em que momento da minha vida adquiri essa tarja de pessoa imersa em abnegação, sim, porque só pode ser por esse motivo que muitas pessoas me enchem os pacovás e querem sempre pagar pra ver até onde vai minha paciência de monja, se é que é esse o feminino de monge.

Essa dúvida eu só admiti porque estou em processo de auto modificação e que se dane se me formei em letras, mas tenho dúvidas quanto à flexão do gênero, como qualquer reles mortal. Esse processo a que estou me impondo é para me proteger de pessoas com bestômetro, ou seja, aquele tipo de gente que tem um radar para detectar gente como eu. De hoje em diante, se meu sensor *apitar…* sai de baixo, que não vou mais segurar nada que me desagrade só pra ter aquela educação com a qual só eu me importo.
Se você parar pra pensar vai ver que sempre tem alguém que diz: “ela entende”; “ela não faria isso”, tudo em nome do bom senso que só eu prezo e que os outros tem se aproveitado. Chega! Hoje proclamo minha libertação. Que me desculpem os que chegaram tarde. Mas, agora se me encher, vai me ver esvaziar. Isso faz parte da minha busca pela ausência. Daqui pra frente estarei me ausentando de todo e qualquer ato de estiramento, de complacência, das manifestações do “deixar pra lá”, que os espertinhos travestidos de amigos teimam em oportunizar.

Estou cansada disso. *Aos que me julgam por causa destes óculos – que nem o dinheiro curto nem o médico que me dá a enfadonha notícia de que o meu grau não estabilizou – aviso que sempre percebi todas as artimanhas* de quem está a minha *volta;* entretanto, minha educação sempre calou minhas atitudes e freou os arroubos de meus pés ávidos por chutar o pau das barracas que algumas pessoas armam e moram dentro na maior cara de cacete – só para não repetir a mesma palavra, pois afinal, terminei Letras, né?!

O que é certo é que já deu. Quem pegou a besta, pegou – no melhor sentido da palavra – e quem não pegou, não pegará mais. Se quiser pagar pra ver, é só provocar. Acho que isso também vem da velhice que se aproxima. Dizem que velhos podem tudo. Então, agora vou ser eu.
Não me peça pra lhe dar uma excelente ideia sobre algo que você nunca pensou a respeito e que depois nem vai me agradecer só porque priva do meu convívio e conhece alguns parentes meus. Consultoria é algo que pessoas pagam e muito caro por aí. Se não estiver chovendo, não pense que lhe darei carona e sairei da minha rota só porque isso não me custa nada e de carro a gente chega rápido a qualquer lugar. Antes de pensar em me criticar, se pergunte se você faria isso por alguém. Se fizer essa *autoavaliação* com raiva, provavelmente você não faria a boa ação. Então não exija de ninguém o que não faz.
É isso. Não vou me delongar em exemplos. Acho que já deu pra compreender o que eu quero dizer. Apenas que tomei as rédeas de tudo. Chega de investir, de insistir em pessoas que só dão de volta cansaço e sensações exaustivas.
Pra esse tipo de gente, assim que se aproximarem tentando uma comunicação mais efetiva, vou disponibilizar a seguinte gravação com voz de telefonista de aeroporto: “a criatura chamada encontra-se desligada e fora da área de cobertura… tu tu tu tu tu…”

Beth Milanez

 

 


Por Beth Milanez