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Khaled Hroub nasceu num campo de refugiados em Belém. É atualmente diretor do Projeto de Mídia Árabe da Universidade de Cambridge e apresenta semanalmente um programa de crítica de livros na TV Al-Jazeera.

Em 2006 ele escreveu o livro Hamas – Um Guia para iniciantes, onde narra a história do grupo Palestino. É um livro essencial para entender o Hamas.

Conta ele que em janeiro de 2006, o Hamas surpreendeu o mundo vencendo as eleições democráticas no Conselho Legislativo Palestino da limitada Autoridade Palestina na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. A mídia Ocidental nunca divulgou esse fato.

Ao colocar o Hamas no inédito fulgor da notoriedade, essa vitória causou espanto entre palestinos, em Israel, nos Estados Unidos, na Europa e nos países árabes. Além disso, deixou o frustrado movimento palestino Fatah, o principal rival do Hamas, que vinha conduzindo o movimento nacional palestino por mais de 40 anos, completamente abalado.

Apesar do espanto e da surpresa, a vitória do Hamas naquelas eleições era de fato inevitável. O fracasso acumulado nos últimos anos em findar a contínua e brutal ocupação israelense da terra palestina provocou a intensificação da frustração e o radicalismo entre o povo palestino.

A frustração palestina e seu sofrimento nunca obtiveram trégua, desde a criação do Estado de Israel, mediante a Guerra, em 1948. Com a conspiração britânica e o apoio americano, e contra os interesses da população local, o pedaço de terra que era conhecida há centenas de anos como Palestina tornou-se Israel.

Nessa guerra para criar o Estado de Israel, os palestinos perderam mais de 78% do Território da Palestina, incluindo a parte ocidental de sua capital Jerusalém. O que restou para os palestinos foram duas partes separadas de terra conhecida como Cisjordânia, um espaço adjacente a Jordânia, que incluía um fragmento de sua antiga capital , Jerusalém Oriental, e a Faixa de Gaza, no Mediterrâneo, fazendo fronteira com a península egípcia do Sinai.

Da metade dos anos 60 até quase metade dos anos 80, a OLP conduzida pelo Movimento Nacional Palestino abraçou a luta armada como sua principal estratégia para ¨libertar a Palestina¨.

Diante das deficiências Árabes e do contínuo apoio internacional e ocidental a Israel, a missão palestina de libertação de sua terra se tornou um fato quase impossível. Por não ter sido bem-sucedida durante duas décadas de luta, a OLP fez duas concessões históricas no final dos anos 80 ao renunciar a seu objetivo de longo prazo – a Libertação da Palestina -, reconhecendo o Estado de Israel e o seu direito de existir.

Foi nesse período que foi fundado o Hamas como um movimento duplo movido pela libertação religiosa a nacionalista, que pregava o chamado religioso islâmico enquanto abraçava harmoniosamente a estratégia da luta armada contra a ocupação israelense.

Então por quê, agora, o Hamas ataca Israel, mesmo sabendo que o Exército Sionista é muito bem preparado e armado. Mas, esse assunto fica para a próxima coluna.

 

 

 

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Diário de Vanguarda