A cada dia que passa consolida a estranha sensação que a Humanidade se perdeu de vez em relação ao verdadeiro significado de sua própria existência.

Talvez por ter nascido em uma geração que teve o privilégio de conviver com as maiores mudanças comportamentais do planeta, principalmente as dos anos 60, as pessoas que foram submetidas a este enfrentamento tiveram a capacidade de absorver e aceitar com mais facilidade as consequências dessa evolução.

A bem da verdade, o que predominava era a palavra e o caráter de cada indivíduo, onde um simples aperto de mãos era contrato de “prego batido e ponta virada”, em qualquer tipo de situação.

Além da palavra, a espiritualidade era latente. Reinava a solidariedade, amizade e respeito até com pessoas que não pertenciam ao seu convívio.

Era comum pedir algum favor ao vizinho ou mesmo oferecer ajuda sem que fosse solicitado. As pessoas eram solícitas, se visitavam, dividiam o bolo e o café vespertino, e ainda costumavam se reunir em conversas noturnas que se estendiam noite adentro, com cadeiras nas calçadas, à luz das estrelas, ou em noites de luar.
O mundo mudou, e para pior.

A evolução industrial, o capitalismo, e a chegada da Era da Cibernética mudou todos os conceitos, aflorando uma disputa constante pelo poder, através da vaidosa ostentação, transformando a ambição natural de crescer como ser humano pela ganância desenfreada e assustadora que provoca inveja, violência e divisões.

Não bastasse a desigualdade que assola nosso planeta, o preconceito, o racismo cada vez mais ocupa mentes fascistas e doutrinadas para a desconstrução da nossa essência.

Vivemos hoje em um mundo abarrotado de inimigos invisíveis, onde o egoísmo e o individualismo predominam sem dor e compaixão, fazendo com que as pessoas fiquem cada vez mais frias e violentas, deixando de reconhecer até mesmo o seu mais próximo semelhante. Não é à toa que a cibercondria ganha cada vez mais espaço em mentes doentes e suicidas.

Quando a Humanidade perde a confiança no seu semelhante, o diálogo deixa de existir abrindo espaço para a inconsciente autodestruição de todos seus valores, transformando flores em soberbas dores.
É um prenúncio do fim ou de um novo começo.