De Ascendino Leite, com quem convivi no velho Correio de guerra, guardo até hoje um bom conselho. “Jamais escreva com raiva”, ensinou-me. Assimilei, mas nem sempre pude conter a ira movida a indignação. Vez por outra, a ‘raiva’ digitava a coluna que assinei naquele jornal por quase todo o primeiro decênio deste século.

Hoje, amaciado pela alta quilometragem de quem já rodou quase meio século na estrada do jornalismo, tento praticar ou repassar a jovens colegas o ensinamento do saudoso escritor e jornalista. Vez por outra, contudo, embora raramente de uns tempos pra cá, bate uma revolta a me atacar humores e sentimentos. Mas…

Passou o tempo do “Quando me espalho, não tem quem me junte!”, conforme avisava minha querida e brava Tia Francisquinha, que ano passado foi se juntar aos irmãos Socorro e Vicente onde o divino acolhe os bons. A ponderação da experiência vivida botou-me freio na veemência e fez da virulência coisa datada.

Beirando a Rota 66, colei com araldite o botão do jeito moderado de ser. Tanto que o meu próximo livro, ‘Memórias do Batente’, será quase todo relato dos bons tempos e momentos significativos da imprensa paraibana que me tiveram com algum protagonismo. Não terá pauleira nem revelações bombásticas, mas…

A ‘página infeliz’ dessa história será contada, claro. Mas com indispensável filtro de mágoas e ressentimentos naturais do humano. Afinal, muitos dos que me antagonizaram já entraram para a história ou estão em vias de. Que a terra lhes seja leve, como leve será a minha versão sobre o que fizeram nos verões passados.