Nosso GPS é a beleza do caminho… O sentido desta frase é o que costumamos repetir quando compartilhamos com algumas pessoas sobre as nossas viagens de bicicleta.
Faz cinco anos que eu e minha companheira decidimos utilizar a bicicleta como principal meio de transporte. Essas magrelas nos levam para quase todas as necessidades de locomoção do dia a dia, da feira ao cinema, do trabalho ao boteco e, às vezes, na rota: casa-academia-boteco, nessa mesma ordem. E nesse “vai e vem” cotidiano, concluímos que essas companheiras volantes também poderiam nos acompanhar em viagens mais longas, assim se deu. Nos últimos quatro anos, não raro, quando, nas folhinhas, se anuncia um feriadão, corremos para os planejamentos: destino, rota, orçamento, não necessariamente nessa ordem.
Assim sendo, já desfrutamos, conhecendo de perto, praticamente, todo o litoral Norte do RN, ultrapassando a “esquina do continente” no trecho Natal-São Miguel do Gostoso e todo litoral sul. Nessa direção, trafegamos inúmeras vezes, tanto como fim quanto como meio. Nesse caso, quando fomos para Forte Velho na Paraíba, Recife/PE e Maceió/AL, na última das duas, jornada para Maceió, esticamos mais um dia de viagem e fomos aportar em Pontal do Coruripe, no extremo sul das Alagoas.
Pois bem, nessas jornadas, sobre duas rodas, temos aprendido muito sobre meio e fins, temos degustado de experiências inesquecíveis e fortalecedoras, tanto para a vida como um todo quanto para pedaladas posteriores. Nessas cicloviagens, ampliamos o nosso ciclo de amizades, reencontramos entes queridos que há muito não víamos, fortalecemos nossa resistência muscular e nossa potência cardiovasculares, aprendemos a valorizar cada gole de água tomado no sol a pino e cada cãibra sentida e/ou sofrida no exercício do pedalar.
Confesso que nesse trame, pude, estesiologicamente, sentir na pele as palavras de Macabéa: “eu gosto de prego e parafuso”.
Para tais jornadas, se faz necessário conhecer cada parafuso e chave além e saber sua serventia, fundamentais para resolver e/ou evitar alguns perrengues nas estradas, sem falar do kit remendo, da bomba de ar, bem como das não menos importantes câmaras de ar extras, que sempre temos na bagagem, e sempre torcemos para não precisar usá-las.
Este é um pequeno quadro que procurei ilustrar com as cutis das palavras, para quem nos ler, venha a ter uma certa noção do inquietante cotidiano das(os) inquietantes cicloativistas.
Encerraria esse texto por aqui, até que, me deparei com uma postagem nas redes sociais, com os escritos de Roger de Renor, que também, neste momento, tem cortado estrada afora levando e/ou sendo levado, a Rural com o seu Som, para bailar em algum ponto desse Brasilzão. Suas palavras nos encantam e nos representam: “Nossa natureza maior é descobrir caminhos… talvez demoramos um pouco mais… as pessoas que nos desaceleram e lembram que o desejo é combustível e não garantia… Nosso GPS é a beleza do caminho”.