O tempo passa, o mundo evolui, mas os contrastes dessa vida persistem. O certo é que nem sempre as lições de vida que nos são repassadas e que devem ser absorvidas e seguidas por nós, surgem em salas de aulas de um bom colégio ou mesmo de uma universidade. Aquele que nos repassa os ensinamentos pode muito bem ser um homem do povo. Um cidadão simples, mas que diante da experiência adquirida ao longo da sua trajetória de vida lhe permite, apesar de toda “ignorância”, promover colocações sobre situações do mundo que nos deixarão surpresos.

Para tirar a prova dessa assertiva, experimente um dia ao passar por uma cidade interiorana adentrar numa feira de rua. Passe por exemplo numa bodega, ouça a conversa daqueles homens simples, relampejando suas vivências, suas opiniões sobre as coisas que ocorrem na redondeza e pelo mundo afora.

Sigamos o exemplo de amigo meu. Sim, um dia desses quando estava numa cidade do sertão, um amigo resolveu vivenciar essa realidade. Acordou cedo e saiu para a rua. O sol já dava sinal de vida e o cenário tranqüilo e silencioso da madrugada dava lugar a montagem da feira local. Barracas sendo armadas e das camionetas começaram a desembarcar agricultores com suas galinhas, perus, bodes, carneiros, porcos, frutas, cereais e temperos. Outras pessoas já experimentavam um cafezinho com pão e queijo na brasa, uma tapioca, um caldinho de mocotó ou mesmo de carne.

Armado o novo cenário, o amigo começou a transitar no meio da feira, caminhava sempre prestando atenção na diversidade de produtos existentes naquele local, porém, ao passar por uma barraca que vendia cordel, escutou algo que lhe chamara atenção. Então, parou. Ali estavam várias pessoas que ouviam de um velho agricultor/cordelista lições sobre a vida.

Foi uma frase que lhe despertara a curiosidade. Dizia o calejado homem do povo: “Vivemos hoje num mundo sem porteira. Não há limite para as coisas. São produtos trangênicos que empolgam os números dos recordes da produção de uma colheita para outra. Todavia, os efeitos colaterais para os consumidores nunca são levados para a contabilidade. O homem não consegue se livrar da teia da ganância, do materialismo desenfreado, de um consumismo exagerado, da falta de solidariedade e da sanha perversa do imediatismo do ter. É e, ainda, têm algumas pessoas que também surgem como palmatórias do mundo, porém, esquecem que são humanos. Mas como dizia o meu avô Vicente: “todos nós queremos ser muito direito, no entanto, a lua falta uma banda”. Meus filhos por que é tão difícil viver o simples? Não. Não é nada complicado. O Homem é quem procura dificultar as coisas. Basta vivermos no curso da natureza que nada nos faltará. Respeitemos a santa natura e caminhemos sempre com a fé em Deus que tudo será facilmente vivido”.