Foi bom saber de um novo site de notícias – dentre outras variedades, que se propõe a ultrapassar as divisas da Paraíba. Algo de responsabilidade de uma jornalista experientes e que, portanto, será um trabalho bem cuidado, abrindo janelas para longe das fakenews e sensacionalismos que já cansam nossas mentes e “nossas retinas fatigadas”. Porém, após a boa nova, ou quase junto a ela, veio o convite para assinar uma das colunas do site com nome promissor: Vanguarda – embora não me veja nele, eu essa senhora de hábitos antigos. Mas, de tão animada, prontamente falei que sim, e de imediato já estava fazendo parte dessa história que começa.
Agora aqui estou, às vésperas do site ser colocado no ar, a criar e recriar na minha cabeça como será essa coluna. Me foi sugerido por amizades do meio literário ocupar esse espaço com minhas crônicas. E embora há tempos eu tente me ver como cronista, o que afirmam que sou, mas tenho dúvidas, vamos de crônicas, então. Será aqui minha salinha de conversas dentro desse espaço onde se pode ler coisas mais importantes. É só chegar e ficar à vontade.
Gosto de ler boas crônicas. Penso ser textos onde cabe o que a gente que escreve bem entender de colocar neles.
Denominam de crônicas algumas conversas que jogo no Facebook para não jogar fora. Talvez o meu gosto por esse gênero seja a relativa liberdade que nos permite, e tudo que não me impõe regras já desperta meu interesse – logo se vê que não me entendo bem com elas se eu avisar que já era para ter entregue esse texto desde a semana passada… Se nas tais crônicas eu posso correr com os pés no chão, ou voar nesse azul infinito que agora vejo da minha janela, se posso rir, chorar, lembrar, dançar e brincar com as palavras, se posso também pensar, dialogar, questionar e matar a sede fazendo de um texto minha mesa de bar, então vamos de crônicas.
No domingo passado estive personagem daquelas, agora aterrorizantes, tardes dominicais na orla de Tambaú, com um amigo escritor e rimos muito com tantos acontecimentos, também porque falei que se nos faltam temas, é só sair de casa e eles aparecem, as crônicas, por exemplo, parecem correr animadas ao meu encontro. Por isso não se espante quem um dia me ver rindo sozinha em alguma rua, ou falando baixinho para mim mesma, enquanto anoto coisas no celular. Esse é um de meus brinquedos preferidos: transformar em palavras o que o mundo e a vida me trazem cotidianamente. Percebam que me refiro ao mundo e a vida, portanto não é pouco. Terei sempre o que contar para quem quiser ler.
Ilustração: Cecília Murgel Drawings
Valeska Asfora
Escritora, Assistente Social, Mestre em políticas públicas, Educadora, Produtora Cultural. Autora do livro “Anayde Beiriz – a última confidência”(2022)