A Presença de Mamãe em “Marias”

Há alguns dias, assisti ao filme Marias, de Ludmila Curi, numa sessão familiar aqui em casa, junto com meus filhos e netos. A narrativa me emocionou profundamente pela sutileza com que Ludmila conseguiu trazer a presença de Mamãe, mesmo sem usar sua imagem ou voz.

Desde que me mudei para Baía Formosa, no Rio Grande do Norte, Mamãe vinha passar todos os verões aqui. Ela amava essa cidade. Fez muitas amizades e envolveu-se nas atividades com crianças e adolescentes da região. Em Natal e João Pessoa, lançou seu livro Meu Companheiro – 40 anos ao lado de L. C. Prestes. Juntas, visitamos o acampamento Luiz Carlos Prestes em Macaíba e participamos de homenagens à Coluna Prestes em São Miguel. Com ela, não havia lugar distante demais nem momento impossível.

Todos os dias, bem cedo, era possível vê-la na praia, sentada em sua cadeira à beira-mar. Era um ritual que nunca deixava de cumprir. Só voltava para casa depois de comer seus três caranguejos, uma tradição que mantinha com prazer.

Assistir ao filme Marias me fez reviver tudo isso. Senti a presença de Mamãe tão viva, aqui, comigo e dentro de mim. A saudade é imensa, mas ver essa homenagem implícita em Ludmila Curi, e na força das histórias das outras mulheres, me trouxe conforto.

Como o filme Marias tem cenas gravadas em Baía Formosa, onde Mamãe adorava passear, sinto que é essencial que ele também seja exibido aqui. Parte das cinzas dela foi lançada no mar da praia da Cacimba, em BF, o que torna essa cidade ainda mais especial. As meninas da Associação Casa Formosa, desde que souberam do lançamento do filme em Portugal, me procuraram oferecendo a estrutura do Ponto de Cultura para exibir o filme em uma sessão especial do Cineclube Casa Formosa. A exibição acontecerá no dia 16 de novembro (sábado), às 20h, no Ponto de Cultura Casa Formosa, com entrada gratuita, aqui em Baía Formosa – RN. Será uma linda homenagem à memória dela e ao amor que tinha por esse lugar.