O Festival Internacional de Música de Câmara da PPGM-UFPB é um presente generoso para a Paraíba e um privilégio do Campus I da nossa Universidade Federal. Entre os dias 15 e 23 de agosto a programação da sua oitava edição trouxe bem mais que concertosinesquecíveis.

Celebrou a memória do grande Maestro José Alberto Kaplan que completaria 90 anos e do poeta Augusto dos Anjos, um dos nomes consagrados da Poesia de Língua Portuguesa. Ofereceu também homenagem merecida ao artista paraibano Flávio Tavares, um mestre da pintura brasileira.

Foi impecável a direção artística sob a responsabilidade da professora Kate Hamilton da University of Nevada, de LasVegas e do incrível maestro chinês Paul Chou, da Pennsylvânia Orchestra. Devemos a eles e ao professor Felipe Avellar de Aquino, coordenador geral do evento, momentos de rara beleza.

Destaco inicialmente o belíssimo concerto do pianista italiano Andrea Carcano, do Conservatório de Milão. Também do professor da UFPB Valério Fiel da Costa que compôs uma obra especialmente para o festival. Valério também celebrava 25 anos de composição e nos mostrou o quanto a música erudita pode também ser transgressora.

Tematizando Augusto dos Anjos, a coordenação do festival consolida seu formato transversalizando a produção musical com outras artes. Literatura, artes cênicas e artes plásticas, por exemplo. Pequenas e densas palestras sobre Augusto dos Anjos também encheram os olhos do público.

Destaco as palestras do professor e poeta Jairo Cezar, do também professor e poeta Hildeberto Barbosa Filho, do poeta Sérgio de Castro Pinto e da professora Bernardina Freire que resgatou as cartas de Augusto dos Anjos. A professora Marineuma de Oliveira apresentou o Grupo Poética Evocare que interpretou poemas de Augusto com ousadia e muito talento.

Difícil destacar alguns momentos sem ocultar outros, mas como não lembrar da execução de obras do maestro José Alberto Kaplan. Destaco “Fuga para instrumentos de percussão”. Também a Sonata para piano executada pelapianista Isabella Perazzo.

A celebração da tradição dos “Cocos Paraibanos”, conduzidas pelo professor Carlos Santos, mostrou toda a amplitude do festival.

Brahms interpretado pela francesa Ambroise Aubrun(violino), a norte-americana Kate Hamilton (viola), o professor da UFPB Felipe Avelar de Aquino (violoncelo) eo pianista italiano Andrea Carcano, foi de arrepiar.

É preciso ser dito que esse texto oferece uma visão muitoparticular de um mero espectador que nada entende de música. Todavia, o formato do evento busca exatamente uma conexão de sensibilidades e saberes. Aliás, um dos aspectos que revelam o professor Felipe Avelar de Aquino com todos os méritos de um timoneiro.

Ele comanda uma equipe minúscula, mas conhece bem os oceanos pelos quais navega.

Responsável maior pela efetivação do Festival, reconhece a profundidade das águas e flutua com talento e coragem em um pequeno barco. Um pequeno barco que não titubeia diante das ondas, das tempestades ou do silêncio absurdo das calmarias ou das suas próprias fragilidades.