Marcos Caetano, ou Marquinhos, como é carinhosamente chamado, nasceu em Cajazeiras, Paraíba, a mesma cidade onde também nasci. Ele foi cedo para São Paulo, em busca de oportunidades, e, sob a influência de sua tia Fátima Silva, destacou-se como técnico na área de transporte público urbano. No entanto, sua verdadeira paixão sempre foi a fotografia, uma arte que ele explora com um olhar apurado e sensível.
Ainda adolescente, Marquinhos se encantava com o trabalho dos fotógrafos de Cajazeiras, especialmente em eventos como casamentos e festas no Tênis Clube e no 1º de Maio. No entanto, foi o cotidiano da cidade — as feiras livres, as lavadeiras no açude grande, as festas juninas em sítios — que realmente despertou seu interesse por uma fotografia diferenciada. Ele se via mais atraído por capturar a movimentação das pessoas e o dinamismo desses momentos do que por eventos formais como casamentos. Seu olhar para a rua, a vida simples e a autenticidade das cenas urbanas moldou seu estilo fotográfico.
Para Marcos, a fotografia foi se transformando em arte, além de um simples registro. Ele foi profundamente influenciado por Nei Simas, um grande amigo técnico de transporte e trânsito, que costumava tirar fotos durante suas viagens. A atenção aos detalhes e a beleza captada por Nei nas suas fotos o inspiraram a ir além, a buscar exposições e conhecer outros fotógrafos. Com o tempo, ele percebeu que essa era a paixão que ele queria seguir “nas horinhas de descuido”, como citado em um poema de Guimarães Rosa.
Marcos Caetano fez cursos para aprimorar a técnica, mas sempre manteve sua essência autodidata, alimentada pela observação e curiosidade. Ele acredita que a edição excessiva pode “macular a imagem”, preferindo manter suas fotos o mais próximas possível da realidade captada. Para ele, a fotografia é uma forma de eternizar momentos, e o grande desafio é fazer com que o público veja o que ele enxergou naquele instante.
Apesar de dominar o uso de câmeras fotográficas e dispositivos móveis, ele não é fã do imediatismo que o celular proporciona. “A máquina é bem mais interessante”, diz Marcos, destacando a superioridade da resolução e as possibilidades de ampliação das fotos.
Um dos trabalhos que mais chamou a atenção foi o ensaio fotográfico realizado com o ator cajazeirense Nanego Lira. Nanego convidou Marcos para uma sessão especial no Rio de Janeiro, às vésperas de seu 60º aniversário. O desejo de Nanego era fazer algo emblemático: posar em figurino feminino, um desafio que ele nunca havia enfrentado antes. A proposta foi recebida de braços abertos por Marcos, que se preocupou em não deixar o ensaio caricato, respeitando a personalidade de Nanego. Após algumas conversas, decidiram fazer o ensaio em São Paulo, no Minhocão, com uma produção completa, incluindo maquiagem e vídeos feitos por suas amigas Fanny, Sandra e Rebeca. O resultado foi impactante.
Marcos vê a fotografia não apenas como um registro visual, mas como uma forma de transmitir emoções e até mesmo curar. Durante a pandemia, um episódio emocionou profundamente o fotógrafo e reforçou o impacto de seu trabalho. Uma amiga enfermeira, Silvia, que mora em Paris e na época trabalhava em hospital, ligou para ele numa madrugada pedindo algo especial. “Ela estava com colegas de trabalho, exaustas após um plantão, e pediu para mostrar minhas fotos a elas. Disse que as imagens traziam vida e cores, um alento em meio à dor e ao cansaço. Elas sentiram que as fotos tinham alma.” O pedido dela foi claro: “Marquinhos, nunca pare de fotografar.” O episódio tocou profundamente o fotógrafo, que se sentiu presente no cotidiano de outras pessoas ao redor do mundo, oferecendo-lhes um pouco de leveza em meio a tempos tão sombrios. “Foi aí que percebi a verdadeira potência do que faço”, disse Marcos, lembrando-se emocionado da ligação.
Esse reconhecimento, vindo de um contexto tão delicado, é a essência do trabalho de Marcos Caetano. Ele continua sua missão de eternizar a beleza, acreditando que cada clique é uma chance de trazer vida e significado, mesmo nos momentos mais difíceis.
Idealização:
Nanego Lira
Produção:
Marcos Caetano
Ivany Tavares (Fanny)
Rebecca Carratu
Márcia Lucena
Caracterização & Figurino:
Rebecca Carratu
Instagram: @rbcarratu
Fotografia:
Marcos Caetano
Instagram: @marcos.cae
Facebook: Marcos Caetano
Locação:
Casa da Fanny
Elevado Costa e Silva – Minhocão
São Paulo, Sp
Ivany Tavares (Fanny)
Instagram: @tavaresivany
Sandra L. Narezzi
Instagram: @sandrixnarezzi
Marcos Caetano é técnico especialista em Mobilidade Urbana, atuando desde 1985 na gestão de transporte urbano em João Pessoa, Cuiabá, Recife, Campinas e São Paulo. Foi diretor de transporte em São José dos Campos e Jacareí, além de Secretário de Transporte em Suzano, na Grande São Paulo. Atualmente, atua como consultor especializado em mobilidade urbana, tendo executado trabalhos em diversos estados do Brasil e na Venezuela. Desde 2005, aguçou seu olhar para a fotografia, realizando ensaios fotográficos e exposições em paralelo com sua atuação no transporte público.
de CAJAZEIRAS PARA O MUNDO - Por Edileide Vilaça
Tem mestrado em Jornalismo, especialização em Linguística e graduada em Comunicação Social, todos pela UFPB. Acumula mais de 30 anos de experiência em assessorias parlamentares, produção cultural, em rádios e TVs da Paraíba. Idealizadora da ONG Casa Formosa(Baía Formosa/RN). Acadëmica de Direito. Editora do Diário de Vanguarda.