Grupo Escolar Xavier Júnior, de Bananeiras (foto copiada de trabalho acadêmico de João Lucas Soares da Silva publicado em docplayer.com.br)

Bananeirenses nativos ou adotados, feito este que vos escreve, foram surpreendidos nessa quinta-feira (10) com informações de que a Prefeitura de Bananeiras desativou o quase centenário Grupo Escolar Xavier Júnior e rebatizou o tradicional educandário com o nome de Emília de Oliveira Neves.

Nada contra a Professora Emília, emérita educadora bananeirense, que pode muito bem ser homenageada em outra escola que a atual gestão municipal teria prometido construir. Lamentavelmente, a cidade corre o risco de perder uma referência historicamente consolidada em memória de um educador reverenciado desde a Primeira República.

Além do incompreensível rebatismo, os alunos do Xavier Júnior teriam sido alojados em inadequadas instalações do saudoso Ginásio Estadual de Bananeiras. Pior: segundo denúncia ainda em apuração, passaram a ter aulas em dias alternados. Dia sim, dia não. No dia não escolar, o espaço seria destinado a um programa de assistência a idosos.

MATHEUS BEZERRA: “FAKE NEWS”

Submeti as informações ao prefeito Matheus Bezerra, solicitando esclarecimentos. Sua primeira reação foi classificar como ‘fake news’ as denúncias. Mostrei, então, fotografias que ilustram e acrescem verossimilhança ao exposto até aqui. Acompanhem a sequência.

Foto 1: placa com a inscrição ‘Escola Municipal Xavier Júnior’ ao lado de um portão semelhante ao de uma garagem. Foto 2: placa de obra tapa a entrada principal do velho grupo e comunica a mudança de nome onde uma ampliação ao custo de R$ 757 mil está atrasada desde 18 de abril passado. Foto 3: no recorte do frontispício, o nome de Xavier Júnior escondido sob a cal.

O QUE MAIS DISSE O PREFEITO

“A gestão passada deixou a escola Emília de Oliveira Neves, que funcionava no prédio da Diocese, em situação deplorável, sem condições de ter aula. Além disso, era intenção da Diocese reaver o prédio. Como era a maior escola do município, nossa gestão precisou, em comum acordo com o Ministério Público, fazer algumas mudanças de prédios”, explicou inicialmente, acrescentando:

– No prédio do antigo Xavier está funcionando a escola Emília. Recebeu uma reforma completa e está recebendo uma ampliação com mais 6 salas de aula, biblioteca, sala de professor e mini auditório (…) O principal pra mim é garantir prédios de qualidade, climatizados e dignos para os alunos, independente do nome.

NÃO É UMA QUESTÃO TRIVIAL

Argumentei não ser irrelevante a mudança do nome. “Xavier Júnior é uma referência, uma história. Assim como o de Emília Neves”, reforcei. O prefeito manifestou, então, disposição de levar o assunto à Câmara de Vereadores e a intenção de fazer uma consulta popular sobre a denominação da escola. Não vejo sentido. Como não teria sentido perguntar à população se o estádio de futebol local deveria mudar de Bezerrão para Ramalhão.

Não menos importante ou mais, evidentemente, é a situação dos alunos do Xavier. O prefeito garantiu que eles têm aulas todos os dias. Tenho respeito à palavra de qualquer cidadão, mas, ainda assim, vou lá conferir. Afinal, trata-se de Bananeiras, o lugar onde mora a minha saudade e nela, bem guardadas, as lembranças do Jardim de Infância e do Primário que estudei no meu querido e inapagável Grupo Escolar Xavier Júnior.



Por Rubens Nóbrega