João Pessoa tem ganhado destaque em diversos sites e rankings de turismo, fruto do trabalho de marketing promovido por governos e segmentos do setor. Nossa cidade, rica em beleza natural e cultural, começou a ser procurada como um destino atrativo no cenário nacional e até internacional.
Por outro lado, o crescimento do fluxo turístico traz consigo desafios que precisam ser enfrentados para garantir um acolhimento adequado aos visitantes e qualidade de vida aos moradores.
Recentemente, vivi situações que refletem bem essa necessidade de adequação. Em um dia marcado por um acidente em bairro distante do meu e obras na BR, fiquei presa em um longo engarrafamento. Compartilhei essa experiência em minhas redes sociais, e os comentários foram unânimes em apontar que o aumento no número de pessoas circulando pela cidade contribui para sobrecarregar nosso sistema viário. É evidente que o tráfego precisa ser replanejado, com intervenções que otimizem a circulação e diminuam os transtornos.
Outro problema enfrentado é a falta d’água. Estou tendo essa experiência em minha casa há uma semana. Mesmo com uma caixa d’água grande, percebi que a pressão da água está tão baixa que não consegue abastecê-la. A máquina de lavar roupas não consegue completar o ciclo e todos os dias sofremos com a falta d’água.
Ao entrar em contato com a Cagepa e receber um técnico para averiguar, fui informado de que o problema está afetando diversas residências e que a alta demanda está causando problemas de pressão na rede. Questionei se a Companhia estava tomando alguma medida e o técnico me respondeu que a situação está sendo analisada. Estou no aguardo da solução.
É mais que nítido que estamos enfrentando um problema no abastecimento d’água, com a chegada de mais pessoas à cidade. Essa situação alerta a urgência de investimentos em infraestrutura hídrica, para que a cidade suporte a demanda sem prejudicar os moradores e as pessoas que nos visitam.
Além dessas questões, é urgente que os governos enfrentem o problema da qualidade e balneabilidade do nosso mar. Algumas das nossas praias recebem esgoto da cidade, uma situação amplamente denunciada por movimentos ecológicos e pessoas que militam pela preservação ambiental. Esse problema, que se arrasta há décadas, precisa ser solucionado. Outro dia, tivemos a notícia de que mais de cem peixes mortos foram encontrados na beira-mar de toda a orla de João Pessoa.
A sensação que temos é que muitas vezes os gestores não priorizam essa problemática por se tratar de obras que não rendem visibilidade imediata. É preciso visão de longo prazo e compromisso com a sustentabilidade. A balneabilidade de nossas praias é essencial não só para o turismo, mas para a saúde pública e a preservação ambiental.
A especulação imobiliária também é um desafio crescente. Com o aumento do interesse turístico, o preço dos aluguéis tem disparado, tornando-se um fardo para os moradores locais. Além disso, os serviços na orla, antes acessíveis, estão cada vez mais caros, agravando o problema da inflação que já afeta o preço de produtos e serviços em toda a cidade.
João Pessoa precisa de um planejamento mais sustentável, que minimize os impactos ambientais, promova inclusão social e traga benefícios econômicos para todos os envolvidos. É necessário enfrentar os desafios de forma integrada, com investimentos em mobilidade urbana, abastecimento de água, saneamento, controle da especulação imobiliária e mecanismos para conter a inflação.
Para que João Pessoa se consolide como um dos destinos mais procurados do Brasil, é fundamental que as melhorias necessárias sejam feitas. Não se trata de ser contra o turismo, pelo contrário. O turismo é um motor essencial para a geração de empregos e renda. Porém, sem infraestrutura adequada, podemos acabar comprometendo a imagem positiva construída e o bem-viver de quem nela habita.