O Movimento de Mulheres Feministas da Paraíba promove um Ato Político Cultural Pela Vida das Mulheres neste 8 de Março, no Ponto de Cem Réis, Centro, a partir das 9h.
A Programação Cultural conta shows, Tendas de Roda de diálogo, Justiça Reprodutiva, Autocuidado e Tenda das crianças, com diversas atividades voltadas para o público infantil.
A parte musical está recheada de atrações como o Baque Mulher, Gláucia Lima, Performance Cortejo pela Liberdade (em homenagem às mulheres mães palestinas) por meio do Grupo de Teatro do Oprimido Teatrando a Vida, Nathalia Bellar, Lua Isa e Cida Alves.
O Movimento também lançou o Manifesto Pela Vida das Mulheres, leia na íntegra:
Nós, mulheres da Paraíba, estamos juntas neste 8 de março, mais uma vez, para afirmar que Pela Vida das Mulheres, não descansaremos até garantirmos nossos direitos e sairemos às ruas para dizer: Não à violência contra as mulheres, não ao feminicídio, não aos estupros, abusos sexuais e violência política que nos atingem todos os dias.
A Paraíba apresentou em 2023 a pior taxa de feminicídios do Nordeste, conforme o Ministério da Justiça e Segurança Pública. Em números absolutos, 35 casos foram registrados. Na análise proporcional por 100 mil habitantes, a taxa de feminicídios na Paraíba foi de 0,85, se destacando com o pior cenário da região.
O número de feminicídios na Paraíba cresceu 34,6% entre 2022 e 2023. Os dados indicam que, em 2023, a Paraíba registrou 35 feminicídios, contra 26 em 2022, um aumento de nove casos em números absolutos.E conforme o banco de dados do Centro 8 de Março, tivemos na Paraíba no ano passado 30 feminicídios, 11 assassinatos e 34 tentativas de homicídio.
Chega de violência! Nos queremos vivas, fortes e felizes. Precisamos de empregos e Salários dignos, creches para nossos filhos, escolas públicas, saúde e segurança.
Dessa maneira, denunciamos a sociedade machista, racista e patriarcal, esse capitalismo desumano que vivemos e ao mesmo tempo reivindicamos o aumento de políticas públicas que nos protejam da violência e nos garantem ter vez e voz nos espaços de poder e decisão para que possamos construir as leis que garantirão o direito de permanecermos vivas e sermos livres.
Por isso, queremos mais mulheres eleitas, neste ano de 2024, que é um ano eleitoral. Precisamos defender e fortalecer a Democracia para que nossa voz possa ser ouvida e efetivada nas casas legislativas e nos cargos executivos.
Também nos dirigimos ao Governo Federal exigindo que o orçamento do Ministério das Mulheres seja reforçado para que este possa enfrentar, com a estrutura necessária, o desafio das desigualdades de gênero que assolam nossa sociedade culminam em crimes de ódio e misoginia contra nós mulheres, em todo o Brasil.
A Paraíba registrou uma média de 51 estupros por mês em 2023, de acordo com os dados do Painel de Indicadores Estatísticos de Segurança Pública, do Ministério da Justiça. Foram 565 mulheres estupradas na Paraíba, no ano de 2023, por isso, lutamos também pela Justiça Reprodutiva e por nossos direitos sexuais e reprodutivos.
Além de tudo isso, o perfil das mulheres que mais sofrem violência, seja vítimas de feminicídio, violência domésticas ou estupro, é marcado pelo fator de raça, ou seja, as mulheres negras são as mais atingidas pela violência, demonstrando caráter racista da violência contra, nós mulheres, e a necessidade de adequar as políticas públicas para mulheres que enfrentem a questão do racismo em nosso país.
Neste sentido, pedimos e lembramos sempre do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, crime político que marcou o início da extrema direita à frente do Governo Federal no Brasil e da ascensão desses representantes nas casas legislativas do Brasil. Queremos saber Quem mandou matar Marielle? Queremos Justiça.
Nosso grito de Justiça também ecoa para o território de toda a Paraíba, ao lembrar de casos emblemáticos como o estupro coletivo de Queimadas, e a fuga de Eduardo dos Santos, desde 2020, do presídio de segurança máxima em João Pessoa. Queremos justiça real! Que Eduardo seja recapturado.
Neste sentido, clamamos por justiça em nome de todas as mulheres que tombaram pelas mãos do machismo, do racismo e do patriarcado. A cada mulher que morre, mulheres renascem para lutar por justiça, ainda mais fortes e juntas, organizando um levante contra a violência.
Levante-se conosco, mulheres, vamos juntas e juntes neste 8 de março, Pela Vida das Mulheres, vamos às ruas de João Pessoa, de toda a Paraíba e do Brasil.