Uma das figuras mais marcantes da política e da poesia paraibana, Ronaldo Cunha Lima, será celebrado nas telas do cinema com o curta-metragem “Habeas Pinho”, atualmente em pré-produção. Baseado no poema homônimo de Ronaldo, o filme promete reviver uma história emblemática dos anos 60, ambientada em Campina Grande.

O projeto é liderado por Gal Cunha Lima, filha de Ronaldo e produtora executiva do filme, que há tempos acalentava o desejo de trazer a obra de seu pai para o cinema. “Esta é uma homenagem emocionante ao legado de meu pai, destacando não apenas sua genialidade poética, mas também seu compromisso social e sua sensibilidade humana”, compartilha Gal.

O poema “Habeas Pinho” narra a história de um seresteiro que tem seu violão confiscado e Ronaldo, recém-formado em Direito na época, redige uma petição em forma de poesia para recuperar o instrumento do músico, enfrentando um desafio marcante e relevante para a comunidade.

O elenco e a equipe técnica são predominantemente paraibanos, valorizando o talento local e enriquecendo a produção com um toque autêntico da região. O ator Lucas Veloso está confirmado para interpretar Ronaldo, trazendo vida e profundidade ao papel do ilustre poeta e advogado.

Dirigido por Nathan Cirino e Aluízio Guimarães, ambos campinenses, o filme foi cuidadosamente concebido em colaboração com Glauce Cunha Lima, que contribuiu com informações valiosas sobre seu pai para enriquecer a narrativa. O roteiro é um tributo sensível a Ronaldo Cunha Lima, explorando sua jornada como homem público, poeta e humanista.

As gravações, programadas para iniciar em julho deste ano, marcam o início de uma jornada emocionante para toda a equipe envolvida. Com apoio da Lei Rouanet para captação, o projeto promete trazer à luz não apenas a história pessoal de Ronaldo, mas também os valores de amor, honestidade e solidariedade que ele deixou como legado para a eternidade.

“Estou animada e um pouco nervosa, como é natural ao realizar um sonho tão significativo. Este curta é apenas o começo de uma história que pretendo contar em um longa-metragem, uma celebração da vida e do legado de um homem verdadeiramente excepcional”, conclui Gal Cunha Lima, emocionada com a oportunidade de compartilhar a história de seu pai com o mundo através do cinema.

O projeto “Habeas Pinho” não apenas promete entreter, mas também educar e inspirar, oferecendo uma visão única sobre a vida e obra de um dos mais importantes ícones da Paraíba.

Petição famosa:
HABEAS PINHO

Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da 2ª Vara desta Comarca :
O instrumento do crime que se arrola
Neste processo de contravenção
Não é faca, revólver nem pistola.

É simplesmente, doutor, um violão.
Um violão, doutor, que na verdade
Não matou nem feriu um cidadão.
Feriu, sim, a sensibilidade

De quem o ouviu vibrar na solidão.
O violão é sempre uma ternura,
Instrumento de amor e de saudade.
Ao crime ele nunca se mistura.

Inexiste entre eles afinidade.
O violão é próprio dos cantores,
Dos menestréis de alma enternecida
Que cantam as mágoas e que povoam a vida

Sufocando suas próprias dores.
O violão é música e é canção,
É sentimento de vida e alegria,
É pureza e néctar que extasia,

É adorno espiritual do coração.
Seu viver, como o nosso, é transitório,
Porém seu destino se perpétua.
Ele nasceu para cantar na rua

E não para ser arquivo de Cartório.
Mande soltá-lo pelo Amor da noite
Que se sente vazia em suas horas,
Para que volte a sentir o terno açoite

De suas cordas leves e sonoras.
Libere o violão, Dr. Juiz,
Em nome da Justiça e do Direito.
É crime, porventura, o infeliz,

cantar as mágoas que lhe enchem o peito?
Será crime, e afinal, será pecado,
Será delito de tão vis horrores,
perambular na rua um desgraçado

derramando na rua as suas dôres?
É o apelo que aqui lhe dirigimos,
Na certeza do seu acolhimento.
Juntando esta petição aos autos nós pedimos
e pedimos também DEFERIMENTO.

Ronaldo Cunha Lima, advogado.

O juiz Arthur Moura sem perder o ponto deu a sentença no mesmo tom:
“Para que eu não carregue
Muito remorso no coração,
Determino que seja entregue,
Ao seu dono, o malfadado violão!“