Não sei se vocês estão acompanhando mas está acontecendo desde o dia 17 de agosto a 68ª edição da Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos 2023, no Parque do Peão, em Barretos (SP), sendo considerado o maior evento de música sertaneja da América Latina. Fãs de todo o país viajam pra ver esta grande festa.

Por curiosidade, fomos olhar a programação e nos perguntamos: será que há algum trio pé de serra ou alguma banda ou cantor (a) de forró do Nordeste na programação desta mega festa? NÃO!!!

Por que nas festas juninas do Nordeste, no maior São João do Mundo, seja em Campina Grande ou em Caruaru, há uma invasão em massa da música sertaneja justamente numa festa tradicional onde o forró deveria ser soberano? Quantos artistas da terra não são convidados ou são substituídos para dar lugar a artistas sertanejos que não tem nenhuma ligação com a nossa cultura junina e com contratos milionários? O que está acontecendo com a auto estima do povo nordestino que está baixando a cabeça e se curvando diante deste processo escancarado de aculturação? Será que o nosso forró, patrimônio cultural imaterial da nossa região, está perdendo o seu valor, a sua identidade e sua relevância? Precisamos de cotas musicais definidas por lei para se apresentar em casa?

Ano após ano, estamos cansados de ver as festas juninas sendo transfiguradas e o forró silenciado e rebaixado.

O São João é só ano que vem mas estamos aqui indignados para dizer novamente:

ACORDA, PARAÍBA! ACORDA, PERNAMBUCO! ACORDA, NORDESTE! Antes que seja tarde demais e a infiltração sistêmica que acontece sutilmente e o cupim que invade e corrói, não destrua toda a estrutura, a história, as raízes e o legado cultural do nosso povo.

Não trocamos e não abrimos mão dos nossos “Flávios Josés”, do nosso São João genuíno, do nosso autêntico forró pé de serra, do xote, baião, xaxado e das quadrilhas juninas tradicionais.

Qual é o São João em 2024 que você espera ver?



Por José Martins - ativista cultural e adm do @qualeaboajampa