“Tomara que nunca descubram”, comentou um amigo artista.

Sou sertaneja, logo, os festejos juninos fazem parte da minha essência de vida. Na infância, adorava participar dos ritos, crendices, brincadeiras e simpatias. Os enfeites com bandeirinhas coloridas e balões atravessando acima de minha cabeça alimentavam meu imaginário lúdico de menina. A música, genuinamente tocada nos terreiros dos sítios, de levantar a poeira do chão de barro batido, à base da zabumba, triângulo e da deusa sanfona. O céu estrelado e o clima sempre mais ameno aliviavam o calor que castigava o ano inteiro.

Os santos Antônio, João, Pedro regem o mês que, para mim, é o Natal do nordestino. Quando o inverno era bom, sinônimo de mesa farta, com as comidas mais deliciosas de milho. Meus vestidos e adereços de cabeça minha mãe arrumava para dançar a quadrilha da escola. Eitaaa, tempo bom. Jamais esquecerei.
E é um pouco disso que procuro encontrar a cada junho, que espero ansiosa, todo ano, sua chegança.

Longe do meu sertão, descobri outra região que me enche os olhos de tanta beleza — das serras, com seu verde em vários tons. O acolhimento do povo, que parece que tô num ninho. O clima, que me acalma. Nesse período do ano, melhor destino não há.

São várias pequenas cidades, tudo pertinho uma da outra, tanto que chamam de Caminhos do Frio. Areia foi a primeira que me seduziu. Durante muitos anos seguidos, passei meu São João em Bananeiras, a convite da então prefeita Marta e de Ana, secretária de Turismo da época.

Vi nascer a proposta do Menor e Melhor São João da Paraíba. Tinha um conceito que lembrava as memórias da minha infância. A festa rapidamente caiu no gosto do povo e, com outras gestões, se agigantou de tal maneira que, lamentavelmente, perdeu toda a essência e magia que tinha — pelo menos para mim. Deixei de ir. Fiquei por anos catando outro canto que me devolvesse a alegria dos mais puros e autênticos festejos juninos.

Atualmente, meu chamego é com Dona Inês. Ela tem um jeitinho apaixonante — que só você vendo. Os festejos lá não acontecem na cidade: são nos sítios.

O melhor anfitrião, e mais apaixonado pela cidade, é meu amigo Josenildo Fernandes, que, além de cuidar da cultura e do turismo de Dona Inês, agora é representante do Fórum de Turismo que aglomera 21 cidades da região chamada de Brejo Paraibano. Ele tem se preocupado com o mesmo afinco e carinho pela consolidação do turismo sustentável de cada uma delas.

Nessas andanças pelas cidades do Brejo da Paraíba, em sua companhia, tive a grata surpresa de, na véspera da véspera de São João, chegar à pequenina SERRARIA.

Subimos uma ladeira por trás da igreja central. Era o final da missa. Ainda ouvi o padre dizer: “Vão em paz, e o Senhor vos acompanhe.”
Me lembrei que, no interior, as festas só começam quando o padre abençoa e diz “amém”.

No adro, na frente da igreja, tinha um homem vendendo milho assado e outros comerciantes com aperitivos deliciosos. Não contei conversa e já fui forrar o bucho antes de começar o arrasta-pé. Um palco, de onde o locutor anunciava a primeira atração: um tocador chamado Pingo Sanfoneiro. Não sabia nada dele. Mas o cabra cantava, dançava e tocava a sanfona de um jeito singular. Só depois me dei conta de que era o ex-integrante do grupo “Os 3 do Nordeste”, um dos trios mais respeitados no forró, por cerca de dez anos.

Depois dele: Ton Oliveira, Forrozão Mania e Curió Forrozeiro. Na segunda, 23, a festa continuou com Os 3 do Nordeste, Forró do Gonzagão e João Pedro do Acordeon.
Se nada mais acontecesse no meu São João inteiro — que estava apenas começando —, já estava satisfeita. Foi naquele instante que meu espírito junino, saltitando, falou:
Acheiiii, acheiiii O MELHOR SÃO JOÃO PÉ DE SERRA DA PARAÍBA!

É sério! Serraria tem o melhor São João pé de serra da Paraíba. Pode anotar.
Fui surpreendida: Serraria tem o São João que meu coração procurava.

EU(Edileide Vilaça), Pedro Santos e Josenildo Fernandes

Eu(Edileide), Chico Limeira e Fátima Amaral

 

Além de Pedro Santos (secretário de Cultura da Paraíba), encontrei o músico querido, Chico Limeira. Ele, tão encantado quanto eu, disse:
“Tomara que nunca descubram, pra não estragar.”
É verdade, Chico.

Parabenizei e falei para o prefeito Enéas Caboclo:
“Não deixem nunca perder essa essência.”

Que assim seja!

Muito obrigada, Josenildo.

Enéas Caboclo(Prefeito Serraria), Ton Oliveira(cantor e sanfoneiro), Pedro Santos(Secretário Cultura PB) e Allan Caboblo(Secretário de Turismo e Cultura de Serraria)