O Brasil registrou 330 alertas de violações da liberdade de imprensa no ano passado, sendo sete casos na Paraíba e três casos no Rio Grande do Norte. É o que mostra o relatório do Monitoramento de ataques gerais e violência de gênero da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji).

Os números acompanham análises sobre o cenário da liberdade de imprensa no país, abordando questões como violência política, on-line e de gênero. Os 330 ataques a jornalistas representam uma redução de 40,7% em relação ao último ano do governo Bolsonaro, quando foram contabilizados 557 ataques, de acordo com a Abraji.

A maior parte dos casos (55,7%) tiveram como agressores agentes estatais; 49,7% tiveram homens entre os agressores; e 52,1% dos ataques tiveram origem ou repercussão na internet. Entre as unidades federativas, o Distrito Federal foi a principal arena dos ataques, somando 131 casos.

O Nordeste registrou 46 episódios deste tipo. Entre as regiões, ficou atrás do Sudeste (91) e Centro-Oeste (145), e à frente do Sul (27) e Norte (17). 

Segundo o relatório, por mais um ano, os discursos estigmatizantes foram as principais formas de ataque a trabalhadores da imprensa no Brasil. Dos 330 casos registrados em 2023, 47,3% foram classificados dentro dessa categoria, que engloba as diferentes agressões verbais contra comunicadores. Em 2022, a proporção foi maior: 61,2% dos alertas envolviam discursos estigmatizantes.

“A mudança de cenário está ligada ao aumento proporcional de episódios de agressões físicas, ameaças, intimidações, perseguições e destruição de equipamentos – situações que se encaixam na categoria de ‘agressões e ataques’ –, que correspondia a 31,2% dos casos do ano anterior e passou a representar 38,2% dos ataques em 2023. Esse quadro é efeito dos atos antidemocráticos de janeiro, que foram uma resposta violenta dos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao resultado das eleições presidenciais e tiveram como alvos diversos jornalistas, fotojornalistas, cinegrafistas e trabalhadores da mídia de modo geral”, aponta trecho do documento.

Já pelo terceiro ano consecutivo, agentes estatais (principalmente deputados federais e senadores) despontam como os principais agressores de jornalistas no Brasil, presentes em 55,7% dos alertas registrados em 2023. A lista de principais agressores é liderada pela deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), que esteve envolvida em 36 ataques, principalmente discursos estigmatizantes nas redes sociais.

 

Confira o documento completo:




Por Fonte relatório da Abraji. Divulgado pelo Saiba+