Walber Agra vê ‘provas muito claras’ e não acredita em sucesso de eventual recurso
O advogado Walber Agra, autor da ação no Tribunal Superior Eleitoral contra Jair Bolsonaro (PL), celebrou a decisão dos magistrados a favor da inelegibilidade do ex-presidente, após a conclusão do julgamento nesta sexta-feira 30.
“Como esses fatos são muito claros, são muito diretos, outro não poderia ser o resultado. Então, eu acho que é um momento histórico, porque o Judiciário deixa muito claro que nós não temos mais espaço para paranoias golpistas”, afirmou Agra a jornalistas no plenário do TSE.
Em relação ao provável recurso que a defesa de Bolsonaro deve mover, Agra disse ser “difícil pensar em um sentido contrário” ao resultado.
“As provas foram muito claras”, salientou o advogado do PDT. “O representante não propôs uma única delação probatória, não propôs uma única prova. Eles ouviram quem eles quiseram, como eles quiseram, muito mais do que o permitido na lei. Toda vez que chegava um documento novo, o relator dava tempo para que eles pudessem se posicionar.”
O advogado de Bolsonaro, Tarcísio Vieira, declarou que deve esperar a publicação do acórdão para analisar a possibilidade de recursos no TSE e no Supremo Tribunal Federal.
A expectativa é que o documento seja divulgado até agosto. A defesa do ex-presidente deve buscar subsídios nos votos contrários à inelegibilidade, de autoria dos ministros Raul Araújo e Kassio Nunes Marques, com base, sobretudo, no argumento que critica a juntada da “minuta do golpe” ao processo.
QUEM É WALBER AGRA?
O advogado responsável pelo caso é Walber de Moura Agra, 50 anos, demorou a entrar na carreira, considerados seus próprios parâmetros, mas pode fazer história com o processo.
Agra conta que começou a atuar como advogado aos 35 anos, após um período dedicado à carreira acadêmica e à Procuradoria-Geral do Estado de Pernambuco —e, posteriormente, como assessor do então ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Ricardo Lewandowski.
Nascido em Campina Grande, Agra foi para o Recife fazer mestrado. Realizou doutorado em Florença, na Itália, e pós-doutorado em Bordeaux, na França.
Foi por indicação de um ex-aluno seu na Universidade Católica de Pernambuco que se aproximou do PDT. O antigo pupilo era o atual deputado Túlio Gadêlha, hoje na Rede.
Agra diz que advogou de graça por alguns anos para o PDT, por afinidade ideológica —define-se como um “nacional desenvolvimentista”. Até que se chegou a um consenso da necessidade de uma dedicação mais integral, e ele se tornou coordenador jurídico da legenda.