Quem nunca ouviu ou leu a frase: “quando foi que você fez algo pela primeira vez?”

Pois bem, é assim que começo minha participação nesta coluna!

Amante das artes e da literatura, a leitura e a escrita me ganharam e me fizeram companhia desde criança. Lembro-me da descoberta fantástica dos gibis e livros infantis. A Turma da Mônica, Tio Patinhas, Pato Donald e seus três sobrinhos, Margarida, Mickey, Minnie, Pateta. Nossa, como me diverti e aprendi com cada um deles! “Marcelo, Marmelo, Martelo”, de Ruth Rocha, foi um dos meus primeiros livros. E como me deixou curiosa e despertou o interesse pelas coisas, seus nomes, suas funções! Quem nunca botou uma panela ou uma peneira na cabeça com “O Menino Maluquinho”, de Ziraldo, e escutou a mãe, aflita, dizer: “Tira isso daí, menina, se não você não vai crescer?”

Os personagens, as cores, a turma de amigos, as aventuras e desventuras, a linguagem, as novas palavras, as questões que suscitavam. Magia e curiosidade me moviam ao escolher ou ganhar um gibi, um livro de presente. A capa já me fascinava – ou não. Folhear e sentir o cheiro mágico daquelas páginas novas, cheias de coisas para eu descobrir, conhecer, encontrar, questionar, sonhar, inventar. Ahhh, os olhos brilham só em lembrar!

Um convite me chegou numa manhã intensa de terça-feira, em plena crise de enxaqueca, daquelas que a gente mal abre os olhos. Ainda assim, os apertei para ver a tela do celular! Horas depois, respondi.

Eu, que adoro e me abro às surpresas do inesperado, prontamente sorri, aceitei e agradeci!

E, se o convite da minha amiga Edileide Vilaça me fala de vontade, escrita, beleza, meus olhares, é o meu olhar que encontrarão por aqui. Convido-lhes a passear pela vida comigo, conversando e descobrindo sobre literatura, arte, cultura, Terceiro Setor, poesia, (minha) natureza, sustentabilidade, direitos humanos, fotografia, Yoga, histórias, memórias, quereres, desejo, vida, dia a dia.

O outro, ainda mais inesperado, veio no início da tarde de uma segunda-feira chuvosa, convidativa a uma xícara de chá ou de chocolate quente para acompanhar. A mensagem da amiga Teresa Crispim me falou de afeto, diversão, incentivo à leitura, reflexão, encontros, amizade. Convite aceito!

Ah, mas tem um detalhe! Havia uma única condição para participar do “Clube de Leitura”. E, se eu já tinha aceito, ouvi-la me ganhou de vez e me arrancou uma grande e boa gargalhada! Quer coisa melhor?

Os dois chegaram em momentos diferentes trazendo-me possibilidades e oportunidades e, assim como a vida, que não oferece promessas nem garantias, me lanço na simplicidade, desafio e riqueza das propostas, apostando na novidade.

Não é assim a vida? Não é assim cada dia que começa e finda?

Arrisco-me à escrita, a mostrar um pouco – ou muito – de mim, com a lembrança da minha professora de Português e Redação da 5ª série, Lourdinha, que me dizia que eu deveria escrever um livro. Quem sabe aqui seja o início?

Você já parou para pensar sobre o que te dá prazer? Sobre como você vive e aproveita o seu tempo? Você vive e aproveita ou está no “piloto automático” cumprindo a rotina dos dias? Nessa loucura que vivemos para cumprir metas, ser o/a melhor, apresentar resultados, em que praticamente tudo tem que ser de imediato, sem tolerância, sem espera, automatizado, competitivo, conectado, onde não pode haver falhas, erros, furo, falta, desejo, onde parece não haver espaço nem lugar para as diferenças, para a singularidade, para a inquietude, para a gentileza, o respeito, o olhar, o toque, a alegria, o silêncio, a espontaneidade, a solidão, o amor, a vulnerabilidade, a dor, o luto, onde se tem receita para tudo – inclusive as de tarja preta, você consegue olhar para si, para o outro, olhar em volta?

O que você vê? Como você (se) vê? O que lhe dá prazer? O que lhe encanta? O que lhe move? O que verdadeiramente lhe importa? O que você faz para vivificar seus dias? Você se permite ficar a sós consigo mesma, consigo mesmo?

O que você coloca de leveza, sabor, prazer, silêncio, beleza em meio à rotina (dura) dos dias?

Viver é trabalhoso e, num tempo em que vivemos com tantas demandas contemporâneas, como podemos constantemente sustentar a solidão estruturante da infância para podermos encontrar espaços em nós que possamos viver sem que passe pela demanda do outro e nos tornemos robôs dos outros?

Como tornar a existência leve e possível?

Duas primeiras vezes para mim! Agora, a você que me lê, eu pergunto: “quando foi que você fez algo pela primeira vez?”