Adoro São João. Antes, durante e depois. Há quase 30 anos, não passo sem passar pelo menos um final de semana em Campina Grande. Só não vou nos dias 23 e 24 de junho porque nessas datas prefiro estar em Bananeiras, terra de muito bem-querer deste bananeirense honorário.
Mas não devo ir pro Brejo. Não deve haver mais sequer um armador de rede pra alugar em toda a cidade. Avalie cama em hotel, apartamento ou casa! E, se houver, o será a preço inacessível aos assalariados em geral e aposentados em particular, caso deste que vos escreve.
Não tenho casa própria em Bananeiras. Dependo de hotéis e pousadas nos quais raramente me hospedo para além de uma diária. Mais uma vez, em razão do custo elevado, pois a tarifa mais barata, lá, supera a de muitos estabelecimentos do ramo instalados nas melhores praias de João Pessoa.
Outro motivo que me afasta do São João de Bananeiras é o novo formato da festa e algumas de suas atrações. Questão de gosto. Nada contra Safadão, Alok e assemelhados, mas o repertório deles tem pouco ou nada a ver com tradição, cultura e, principalmente, com a música genuinamente nordestina, junina por excelência.
Isso aqui pode ser o lamento de um velho saudosista. Mas é saudade fundada na certeza de que o São João de Bananeiras criou fama e caiu no gosto porque nos dois primeiros decênios do século em curso priorizou o forró mais autêntico de artistas locais e regionais. Não precisou atrair multidões estupendas nem pagar cachês milionários para ser o que é.
De qualquer modo, desejo todo o sucesso ao evento, que este ano dará fim a mais uma tradição. Deixa o centro da cidade para subir o Paravéi e acontecer num ‘parque do povo’ que estão construindo na Chã de Lindolfo.
Rubens Nóbrega
Escritor e Jornalista desde 1974. Integrante do Observatório Paraibano de Jornalismo.