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Hoje, comecei a refletir sobre relacionamentos amorosos e relações de poder. São coisas que, na minha humilde opinião, não deviam caminhar juntas, mas em muitos casos, acontece SIM, infelizmente…

Esses dias, coloquei no meu perfil do Facebook “NÃO QUERO NINGUÉM. Quem me add para ficar/namorar está perdendo o seu precioso tempo” em letras garrafais e não fiz isso por “charminho”: fiz isso porque eu REALMENTE não estou afim de ficar com ninguém, pura e simplesmente, e problema de quem me julgar por causa disso. Esta é a minha vontade, no atual momento, e ela deve ser respeitada. Simples assim.

É impressionante o quanto o fato de colocar que eu não quero ninguém causou o efeito oposto: CHOVERAM solicitações de homens no Facebook, mais do que se eu não tivesse colocado nada! E eu não falo isso “pagando de gostosa”, mas é, simplesmente, inacreditável o quanto os homens não nos respeitam.

Ao invés de ler um texto e interpretá-lo como ele é, muitos preferem pensar: “olha aí! Se fazendo de difícil. Pera aí que eu vou lá mostrar que eu sou o cara”.

Percebem como isso não tem NADA A VER com sentimento e sim, com relação de poder? “O macho mostrando quem é que manda para esta mulher, que está desafiando seu poder de sedução/dominação, se atrevendo a estar sozinha e a mostrar que não quer um homem ao seu lado no momento”? E cara… Ela só quer estar sozinha… Por que é tão difícil compreender e aceitar isso…?

Outro dia, eu aceitei a solicitação de um cara da área musical, porque tínhamos muitos amigos em comum, e achei que o interesse dele era trabalho. Daí, quando ele puxa conversa comigo, diz que “viu meu aviso no perfil, mas disse que eu era linda, que devia conhecê-lo e que nem todos os homens são iguais”.

Mesmo eu sendo super-educada, dizendo DIVERSAS VEZES que queria ficar quieta e que não tinha interesse, ele ainda ficou insistindo! Aí, bloqueei, né?

Por que tem homens que acham que “vencer a mulher pelo cansaço” é uma boa ideia? Só o uso dessa frase ilustra, mais uma vez, que não se trata de amor e sim, de uma relação de poder.

E sabem qual é o pior? É que quando eles vencem pelo cansaço, porque “sei lá… Ele tá insistindo tanto, né? Deve gostar muito de mim! Quem sabe eu esteja errada” e dizemos “sim”, o interesse dele some pouco tempo depois, num passe de mágica. Um “amor” tão fugaz que de líquido, virou gasoso mesmo!

É INCRÍVEL como em pleno século XXI, tem gente que ainda acha que as mulheres devem ficar loucas e desesperadas por alguém pra se casar e que as julgam por causa disso, inclusive, mulheres feministas, o que é mais alarmante!

Bem… Conheçam a mim e a muitas mulheres que pensam como eu: nossa felicidade não gira em torno de um relacionamento, mas se encontrarmos alguém e mudarmos de ideia, tudo bem. Acho até surpreendente ver pessoas que se preocupam mais com nossa vida amorosa do que nós mesmas, e ADORAM se meter pra dar conselhos que nunca pedimos.

Vocês acham mesmo que eu estaria melhor com um homem desses, que não quer NADA, a não ser alimentar o próprio ego e ter prazer momentâneo? Acham que “vale tudo pra mulher não ficar sozinha, inclusive, se ela viver de migalhas emocionais de quem não as valoriza e AMA de verdade?” Repensem os seus conceitos!

“Ai, Dali. Mas vc nem o conhece.” E preciso? Só o fato dele não ter respeitado minha vontade de querer estar sozinha, insistido mesmo dizendo “não” e ter os mesmos papinhos de sempre, já demonstrou ser uma pessoa que não vale a pena conhecer, porque se encaixa, perfeitamente, no padrão de experiências passadas e frustrantes e, sinceramente, eu não preciso mais passar por isso. Estou AMANDO a minha própria companhia e isso me basta.

As pessoas ainda não compreendem a solitude. Acham que quem vive isso tem problemas, mas “o problema está nos olhos de quem vê”.

 

 

Daliana Medeiros Cavalcanti é natural de Currais Novos/RN e mora em Natal/RN É cantora lírica, poeta, escritora, atriz, artista e professora. Mestra em Artes Cênicas e Bacharela em Música com Habilitação em Canto Lírico, ambos pela UFRN.

Trabalhou na redação do Jornal EntreBairros e tem alguns de seus poemas publicados em coletâneas.

É integrante do Mulherio das Letras Zila Mamede, criadora do canal Canto Dali, que tem por objetivo popularizar e deselitizar a ópera e o canto lírico e criadora e participante do duo DaMas difusas e do quarteto de câmara Um Quarto de Caju.