Lendo e relendo anotações minhas, escritos de mulheres que admiro, livros clássicos, e não tão clássicos, uma insistente pergunta me atormenta: “Qual será o meu sonho como escritora?”

Tenho pensado nisso, ultimamente, coisa de mais de um ano que pelejando nessa questão. Quero publicar um livro solo? Quero deixar meus escritos organizados, escolhidos a dedo, podre ou sadio, alcançarem limites antes não imaginados?

Tenho uma conta no Instagram (@poesiaporwilma). Nela, mantive uma rotina de postagens que foi se desgastando. Inicialmente, me empolguei, me lancei sem mesuras e sem censuras. Em razão da vida profissional, fui deixando para depois, abrindo vácuos na rotina de postagem e percebendo que o desinteresse em mim crescia. Permaneço desinteressada em postar, até hoje. Não sei se superarei. Tenho outras contas, em outras redes, que também não abasteço. E não, senhoras e senhores, isso não é desinteresse por escrever.

Em 2023, participei de um projeto lindo, capitaneado por Mell Renault (@mellrenault), em que fui desafiada a escrever poemas e mais poemas. O interessante e desafiador “365 poemas” me rendeu escritos para publicar vários materiais em abundância, porém não há, de minha parte, movimento atual para organizar isso. Será que estou me escondendo de algo? Tenho medo das leituras críticas e até de maldosas análises?

Carolina Maria de Jesus – Uma das mais importantes escritoras brasileiras do Século XX, nasceu em Sacramento, Minas Gerais, em 14 de março de 1914. Entre seus livros publicados estão Casa de alvenaria: diário de uma ex-favelada; Provérbios; Pedaços da fome e Diário de Bitita. O primeiro livro, Quarto de despejo: diário de uma favelada, publicado em 1960, foi traduzido em 13 línguas e vendido em mais de 40 países.

Me inscrevi no prêmio Carolina Maria de Jesus, fui habilitada. Comemorei muito. Na lista seguinte, fui classificada. Comemorei mais ainda. Não ganhei o prêmio em dinheiro, ganhei o meu prêmio por estar no meio de tantas mulheres maravilhosas que lutam e labutam essa guerra eterna das guerreiras cansadas. O livro número 1, o filho querido, está pronto, foi isso que senti. Precisa ir para mundo? Ainda não sei.

Essa crônica-desabafo não tem a intenção de aprofundar nada, tem a intenção de registrar um pouco do meu ano literário e dos desafios que busco superar; tem também a necessidade de cumprir o cronograma de envio e estrear na coluna do Mulherio das Letras no Diário de Vanguarda e, isso sim, é um outro grande momento para mim. Além de organizar essa coluna junto de Edileide Vilaça, tenho a oportunidade de aparecer por aqui.

Agradeço a todas as mulheres que vieram antes de mim, pavimentaram esse terreno fértil para que minhas reflexões tragam alguns frutos comestíveis, doces ou amargos, mas que alcancem os diversos paladares das letras.

 

 

Wilma César é natural de Patos/Paraíba, residente em João Pessoa. É psicóloga, auditora do SUS. Tem poemas selecionados para publicação em várias antologias, e textos nas coletâneas do Prêmio Off Flip de Literatura (2022/2023). Casada, mãe de três e militante feminista em vários coletivos. Sonha, sem pressa de realizar, publicar seu livro solo.