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Estou lendo o livro que me esperava nas salas das tantas casas que guardei. A ele nunca dei o glamour da portabilidade exibida, como sempre fiz com alguns outros. Entretanto, sempre o temi por seus temas ancestrais e uma origem, no mínimo, controversa.

Ele estava, na maioria das casas, aberto, no silêncio dos seus símbolos, enfeitando ou decorando um móvel trazido da herança.

Dizia do mundo e do tempo; tanto que é chamado de Velho e Novo, naquela placidez do arquivo aberto; por isso, muitas pessoas o procuravam como uma biografia profética.

Deu-se ao nome de todos os livros trazendo em exônimo a cidade que lhe garantiu perpetuidade.

Há leitores para todos os gostos em seus sabores e saberes; até os que lhe chamam pelo volátil nome de Palavra, puxando do céu a origem divina.

Dos seus leitores mais apurados, lembro-os nas esquinas esgrimindo suas folhas e citando cada linha como golpes cortantes de espadas virgens.

Dei-me ao livro, agora, virando o vértice da parábola dos anos, seguindo o conselho de um anjo num sonho: Não morra sem ler a Bíblia. Nem nunca mais finja tê-la lido, porque ouviu suas palavras.

A leitura é de tal maneira dedicada, que me prometi apenas cinco páginas diárias de uma edição de quase 1800 páginas. É uma leitura de um ano, inicialmente. Estou vendo cada palavra e como elas foram qualificadas ao texto. Pinto palavras, frases e longos trechos com cores distintas, e comento, em apartado, os assuntos.

Eu sou, agora, a sala da casa, com uma vida aberta, assim como é a Bíblia Sagrada revelada à minha leitura.

Leiam a Bíblia! Não a citem sem ler.

 

**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Diário de Vanguarda