Nesse março e em todos os outros relembramos o que nunca deveríamos ter esquecido a luta das mulheres por espaço de fala na sociedade, além do combate da estupida violência que nos cerca eaprisiona muitas de nós. E a literatura é a armaque usamos para transformar o ódio em amor.

Ao falar de amor muitas memórias são ativadas, são aquelas que estão impregnadas na memória afetiva, cheiros, gostos e muitas imagens que constroem versos, contos e tantas histórias de escrita feminina que me escolheu e outras tantas escolhidas por mim ao longo dos anos. Muitas delas introduzidos pela academia no processoliterário necessário a ser percorrido, até conhecer a escrita de autoria feminina que me envolveu e me envolve a cada novo livro pesquisado, lido.

Entre tantas referências importantes estão as preferidas como a Barragem de Maria Ignez Mariz, Antes que Ninguém Conte de Julieta Pordeus, autoras sertanejas tão pouco conhecidas, depois encontrei-me com Júbilo,Memória, Noviciado da Paixão de Hilda Hist, Um Teto Todo Seu, da Virgínia Woolf, A Hora da Estrela, da Clarice Lispector, Úrsula, da Maria Firmina dos Reis e As Alegrias da Maternidade, de Buchi Emechieta. Foi um despertar grandioso para a escrita, até chegar em escritoras que estão em evidência na literatura paraibana atual e beber da fonte, do conhecimento de escritoras como:Maria Valeria Rezende, Marilia Arnoud, Marineuma Oliveira, Eugênia Correia, as escritoras fabulosas que escrevem literatura de cordel, e tantas outras mulheres que não só escrevem, mas militam, defendem, denunciam, conquistam espaços.

Encontrei-me recentemente com o livro, Em terra seca nasce flor, da escritora Ezilda Melo. O livro,cheinho de aridez me remete as cores do sertão,gostos, encantos e desencantos, além de nos provocar com uma reflexão poética profunda do universo feminino, suas dores e dilemas, amargas experiências de violências e fortaleza que floresce como elemento poético na construção de novas perspectivas. O livro é uma janela da memória de nossa ancestralidade permeado de vozes que sugerem novas escritas para que muitas de nós estejam livres

Vamos continuar escrevendo independentemente do gênero literário, o que nos importa mesmo é o discurso adotado, com o estilo, com o fato narrado, porque em terra seca nasce flor.

                                                                                                                      Porcina Furtado é natural de Sousa/PB. Poeta, atriz, professora e produtora cultural. Graduada em Letras pela UFPB. Pesquisa as mulheres que escrevem no sertão paraibano.  Tem publicações em diversas antologias. Dois ebooks publicados em https:// porcinafurtado.wordpress.com/. Publicou o livro de poesias “Ilha Perdida”, pela editora Arribaçã, 2021.