A figura frágil de Olga jazia inerte na cama. Seu peito erguia e abaixava com dificuldade, como se lutasse para se manter viva. Sua respiração era ruidosa e angustiante. Ela tentava falar, mas só conseguia emitir sons ininteligíveis. Seu corpo tremia, as mãos agarrando a coberta com força. Em agonia, a ponto de se desfazer em pedaços.

Ela olhou ao redor, desesperada, em busca de algo que não conseguia encontrar. Seus olhos se fixaram em um canto da cama, onde seus cigarros haviam sido deixados. Ela os queria, precisava deles.

Nesse momento avista o vulto na porta, segurando sua carteira de cigarros, abrindo calmamente e acendendo um cigarro. O cheiro da nicotina, avançou e atingiu suas narinas.

Olga murmura desesperadamente, os olhos se fechando aos poucos. Vivia um pesadelo, uma angústia tão profunda que a consumia por completo. Ela tentava se agarrar à vida, buscando forças em seu corpo cada vez mais fraco.

Mas nada adiantava. O infarto a consumia. Olga estava perdendo a batalha. Seus lábios se moviam, mas era tarde demais. O silêncio se fez presente, enquanto a morte a envolvia.

A cena melancólica foi registrada pelo vulto. Olga cumpriu seu destino cruel. Seus sonhos, desejos, tudo havia sido interrompido.

Na sala de jantar o marido a espera para a comemoração de aniversário de casamento. A carteira de cigarros ao lado de seu prato, antes intacta, está faltando um. Afonso lava as pontas dos dedos com a lavanda disposta na mesa, não suporta aquele cheiro.

 

 

Wilma César é natural de Patos/Paraíba, residente em João Pessoa. É psicóloga, auditora do SUS. Tem poemas selecionados para publicação em várias antologias. Casada, mãe de três e militante feminista em vários coletivos. Sonha, sem pressa de realizar, publicar seu livro solo.