A vinda até nós do Deus que se fez homem tem significados que as nossas consciências ainda estão decifrando. Tudo nesta história é como um diamante lapidado, onde cada lado expõe uma perspectiva de sabedoria, uma revelação e um norte para a verdadeira espiritualidade. Aos que creem, sua virginal concepção simboliza o milagre da vida acima das leis biológicas e desafia os pressupostos da Ciência; seu nascimento aponta para a força da fé irmanada com o amor e a humildade daspessoas de coração puro que entregam-se a Deus, de corpo e alma; sua manjedoura numa pobre estrebaria, falam que o verdadeiro poder está acima das riquezas, das famas, dasopulências e dos líderes deste mundo; os sábios do Oriente guiados por uma luz no céu, revelam que para nos dirigir, Deus usa a Sua estrela preferida– ao segui-la, jamais nos perderemos e ainda que cheguemos a destinos inesperados, nunca seremos desapontados.

Quanto à data exata do seu nascimento, não aprouve a Deus revelar-nos, só sabemos que foi na “plenitude do tempo e na perfeição das eras, o que nos basta. Creio que não foi um descuido dos evangelistas, mas uma omissão intencional do Espírito Santo para nos dizer que seu nascimento acontece todos os dias nas vidas dos que o buscam em espírito e verdade. Seus primeiros adoradoresforam pessoas de terras longínquas, famílias de camponesese pastores das redondezas, todos congregados sob a orientação das estrelas e emissários angelicais para a primeira e mais bela reunião da Igreja de Jesus Cristo sobre a terra. Esta eclesia primordial aconteceu sem vínculos institucionais, vaidades, disputas, opulências, ou outros vícios humanos naquela noite feliz, a adoração foi plenacom todos postados em torno da manjedoura, na intimidade da comunhão e no acolhimento do amor.

Ao longo da vida, Jesus ensinou a oração perfeitacolocando em nossos lábios, como uma hóstia, o direito de chamar de Pai, Àquele cujo nome era considerado impronunciável por muitos do seu povo. Ele ensinou que este Nome não era outro senão: Pai Nosso. Esta revolucionária revelação revoltou os teóricos e doutores da lei do seu tempo; penso que diziam em suas inflamadas discussões: como ousa este Nazareno desfazer toda a nossa complexa estrutura de ritos para se chegar ao Eterno? Como pode nos desafiar ensinando pobres, iletrados, pescadores,mulheres, crianças, publicanos, pecadores esta mudança protocolos? Como coloca-Se como mediador entre Deus e os homens? Sabemos como terminou todo este antagonismoo fato é que Jesus não veio para agradar poderosos, influentes e segregadores. Em Suas próprias Palavras, sua missão foi: “buscar, e salvar, o que se haviaperdido”. Na revelação da identidade de quem o enviaraestava implícita a sua de Filho. Esta filiação estendeu indistintamente a todo o que a aceitasse. Assim, curou em nós uma nuclear orfandade…um ancestral incômodo de falta de pertencimento agudizado nas noites insones, no leito da enfermidade, na hora da morte, ou quando distantes dosnossos amados… Com um Pai que é Nosso, já não somos mais órfãos, nem exilados neste mundo. Mais do que meras criaturas, somos filhos do Criador, seu DNA está em nós num código de 3 letras: Aba, Pai – triunas como Pai, Filho e Espírito Santo.

Tudo em sua vida foi maravilhoso, sem precedentes einimaginável. A partir dele temos um novo nascimento, uma filiação e uma família espiritual sem fronteiras, onde nosso irmão é o próximo. Nunca mais estaremos sós, porque “Ele estará sempre conosco, todos os dias, até a consumação dos séculos” e “nada nos separará do Seu amor”.

Tudo isso começou com o nascimento de uma criança em Belém, cumprindo os escritos dos mais amados profetas do Antigo Testamento. Hoje em todo o mundo é celebrada a mais bela história já escrita: a que trata do amor maior.  Ele está entre nós, Emanuel é Deus conosco, é “paz na terra aos homens de boa vontade”, luz que ilumina o caminho, alegria transbordante, caminho, verdade e vida.

Sua Natividade pode acontecer todos os dias na intimidade das nossas vidas colocando em nossos lábios um cântico novo, iluminando as nossas consciências e abrindo-nos a porta para a família dos adoradores do Príncipe da Paz. Ele é nosso verdadeiro Natal, o miraculoso novo nascimento dos que o buscam e a ele se vinculam em amor.

 

Maria do Desterro Leiros da Costa.

 

Graduada em Medicina pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) em 1981. Residências em Clinica Médica (1983) e Neurologia (1987) pela UFPB. Especialização em Acupuntura pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) em 1998. Mestrado em Neurologia pela FMUSP em 1999, onde também concluiu o Doutorado em Neurologia em 2003. Atualmente iniciando projeto de Pós-Doutorado na FMUSP sob a orientação do Prof. Dr. Manoel Jacobsen Teixeira (FMUSP). É Profa. Associada de Neuroanatomia Aplicada e Coordenadora do Ambulatório de Distúrbios do Movimento na UFPB. Tem experiência em Neurologia e Acupuntura, atuando principalmente nas seguintes áreas: Dor, Distúrbios do Movimento (doença de Parkinson, tremores, tiques, distonias), Espasticidade, Neuroimagem estrutural, Mal-formações Occipito-cervicais (Impressão Basilar, Arnold-Chiari e Siringomielia), Aplicação de Toxina Botulínica Tipo A nos Distúrbios do Movimento e na dor crônica , Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua e Eletroacupuntura Escalpeana. Ministra aulas teóricas e práticas para Cursos de Pós-graduação em Dor e Acupuntura.